sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Inveja

Vi um daqueles filmes que passam na televisão, no caso Enemies at the Gates. Conta a história de um duelo titânico entre dois snipers na II Guerra Mundial: um pastor soviético dos Urais que aprendeu a disparar caçando lobos com o avô; e um nobre nazi da aristocracia alemã. A dualidade perfeita para a propaganda soviética que ávidamente tornou Vassili Zaitsev num mito e herói para as suas tropas.

A minha primeira questão. O filme é inspirado em factos reais. Mas em que factos reais? No que aconteceu ou no que foi escrito pela propaganda soviética!?

Segunda e mais importante questão. Porque raio é que em todos os relatos reais ficionados existe um romance que se torna mais importante que o resto da narrativa!?

Prosseguindo, o que me leva a escrever sobre este filme são as várias reflexão constantes do filme.

Era teoria de todos e do próprio Vassili Zaitsev, que a sua vida era descartável e que o respirar do Commisar Danilov e de Tania- fica já apresentado o triângulo amoroso-, "formados e educados" era mais valiosa pois seriam mais necessários ao futuro da URSS. Apenas Tania contestava isto.

O nosso sniper dos Urais e Tania envolveram-se no romance que é o facto mais revelante do filme. Commisar Danilov, o propangandista de serviço, como é obvio também se apaixonou por Tania e julgava que seria perfeitamente lógico os dois ficarem juntos dada a sua exímia formação, e não compreendia o seu amor pelo simples pastor dos Urais que mal sabia escrever.

O filme termina com Commisar Danilov a declarar que estavam enganados, que a busca do Homem Novo era uma farsa, que era impossível, que haveria sempre algo a invejar nem que fosse um amor. Que por mais igualdade que existisse haveriam sempre homens que teriam mais que outros, como um amor. E blá blá blá sacrificasse oferecendo a cabeça desnuda ao sniper alemão. O alemão ao julgar ter morto o nosso herói sai da toca e zás.