Opacidade democrática
Desde ontem que a FRETILIN e Mari Alkatiri tem 30 mil manifestantes às portas de Dilí à espera de entrar na cidade para exigirem o regresso de Alkatiri ao poder. O partido não o aconselham por temer confrontos. Pelo menos há quem tenha bom senso.
Xanana fez a sua birrinha e apoiou-se nos seus 2 mil manifestantes que deixou entrar na cidade. Fez o ultimato com base numa reportagem de uma tv australiana. No mesmo dia do ultimato o PM australiano Howard apareceu na BBC a felicitar Xanana pela medida tecendo-lhe mil elogios. Curioso ainda que antes de tudo, a primeira pessoa a exigir a demissão foi uma australiana, a esposa de Xanana. Uma birrinha em plena democracia quando se o quisesse deveria reunir o Conselho de Estado e demitir Alkatiri, arcando assim com a responsabilidade da coisa.
Timor repleto de coincidências. É a tentativa de Xanana condicionar a escolha interna da FRETILIN na escolha do novo PM; é o declarar de intenções de Ramos Horta em aderir neste momento ao referido partido, mesmo a tempo de ser escolhido PM; é marcarem a primeira reunião do partido quando Ana Gomes está algures em escala de aviões. Convém relembrar que se trata do maior partido timorense e que não apoiou a candidatura presidencial do actual presidente, e, nem este nem Ramos Horta fazem parte do partido eleito democraticamente para o Governo.
Por fim revisitemos o Macartismo à australiana. Alkatiri foi a Cuba – ditadura tão detestável como todas as outras – negociar a ida de vários médicos para Timor. Mal as forças australianas desembarcaram em Timor a sua primeira preocupação foi revistar as casas dos cubanos sob a suspeita de existência de armas. Nada foi encontrada. Estranhas prioridades já que estas forças não evitaram pilhagens à frente dos seus olhos.
A democracia está cada vez mais opaca em Timor, tal com o futuro dos seus cidadãos.
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