terça-feira, agosto 01, 2006

O último ditador romântico

Reconheço que Fidel Castro é um ditador, sanguinário como outros foram. Em Cuba não há liberdade de expressão, a heterodoxia é punida com prisão, devendo haver por certo torturas e assassinatos - legitimados ou não por um qualquer tribunal de circunstância. Não vejo aqui qualquer relativismo que Fidel e os pró-regime possam usar que me leve a pestanejar perante tamanhas atrocidades. Ninguém me convence que em Cuba exista uma solução a seguir por quem quer que seja e desejo melhores dias para a ilha.

Posto isto, e sem relativizar o presente, tenho que admitir que Fidel Castro é o último herói/ditador romântico. Antes de Fidel Castro existia Batista e a sua ditadura protegida pelos states. Se é certo que Batista derramava ainda mais sangue, não entro por esses caminho de comparar litro a litro, gota a gota.

Interessa retratar o que Fidel representou e representa. Fidel Castro rompeu com uma ditadura que para além da opressão tudo tirava ao país. Cuba era como que o quintal dos states onde se produzia o seu açucar e onde os seus mafiosos abriam casinos ilegais.

A chegada de Fidel a Havana significou a esperança, a ventura de um mundo diferente. Se bem que a atroz repressão se manteve a verdade é que Fidel sempre lutou pelos interesses de Cuba e dos cubanos (excepto dos opositores que matava - nunca esquecer). Apesar do embargo ilegal decretado unilateralmente por apenas um país (states quem mais?) Fidel conseguiu um excelente trabalho nalgumas áreas com destaque para o seu fabuloso sistema de saúde!

Se outros ditadores e estadistas democratas aproveitaram a sua passagem pelo poder para enriquecer às custas da população, este não foi o caso de Fidel. Se outros apresentavam uma plasticidade consoante os seus próprios interesses, Fidel foi sempre em frente com as suas ideias, correctas e benéficas para o povo na sua óptica - discutivéis na de todos os demais.

Outros heróis românticos houveram. Eu destaco Salvador Allende, eleito democraticamente e assassinado totalitariamente pela intervenção dos states (quem mais?). Mas quanto a este poderei falar num outro dia em que me apeteça debater o dominó.

Por tudo isto Fidel continua a ser o último ditador romântico. Fidel manteve o seu sonho de pé. Como qualquer herói romântico será sempre lembrado a preto e branco, apesar de sempre trajar verde.

O mesmo não se passa com o seu irmão, nº 2 do regime, que defende o modelo chinês; a versão mais adiantada do capitalismo e da escravatura moderna.

As fotos foram retiradas daqui, daqui e daqui.