O líder eucalipto
Paulo Portas anunciou o seu regresso à liderança do CDS-PP, para no final, em mera nota de rodapé, dizer que o partido tem que aceitar a convocação de eleições e que tem que as vender.
São inúmeras as transmutações de Portas. Foi cronista anti-Cavaco no Independente. Por intermédio de Manuel Monteiro criou o PP como partido populista e anti-Europa. Não hesitou em descartar Monteiro e assumir como seu o Partido que havia criado, começando com o populismo exacerbado da crisálida "Paulinho das Feiras" para atingir a imagem de Paulo Portas "o Estadista". Até que finalmente chegou ao poder e foi ministro [até do Mar para sua surpresa]. Não se coibiu de entrar na guerra do Iraque assim como de enviar um navio de guerra bloquear o "barco do aborto". Algures no tempo a sua posição sobre o aborto também passou do sim para o não.
Findo o ciclo de poder, viu-se na contingência de fazer uma longa travessia no deserto. Nesse período ainda teve tempo para ser condecorado no Pentágono por Rumsfeld certamente pelos grandes serviços prestados à Pátria.
Num épico discurso na noite das eleições demitia-se da liderança do CDS-PP. Atribuo o apanágio de "épico" pois me recordo de, nessa transmissão televisiva [alguém arranja o vídeo?], ver um jovem popular chorar desalmadamente ao escutar tão tristes palavras. Imagine-se agora o regozijo desse jovem. Com a demissão, um dos seus apoiantes candidatou-se para tomar conta da casa enquanto Portas se resguardava. Contudo essa foi a única parte do plano que visivelmente falhou. Contrariamente a todas as expectativas Ribeiro e Castro ganhou. Os próprios acólitos de Portas trataram de tornar o partido ingovernável e de tornar ineficiente a oposição realizada por Ribeiro e Castro.
Ninguém terá dúvidas que Portas ganhará a liderança. Mas não subsistem dúvidas exactamente porque em todos os momentos foi conseguído implementar a ideia que Portas fosse o salvador e que não houvesse partido para além da sua pessoa. Depois de mim o deserto.
Não perca as cenas do próximo episódio porque nós também não. Qual a nova metamorfose? Democrata-cristão, liberal, conservador, populista, europeísta, anti-europeísta, o que será desta vez? Há já notícias que falam num novo partido com novo nome, novo símbolo e novo programa.
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