Troco a Gronelândia pela América do Sul, interessados?
Este foi o último livrinho que comprei (cuja leitura ainda não iniciei). Na realidade nem é preciso esforço para mentir com mapas, já que os próprios mapas são já de si mentiras.
É impossível representar adequadamente uma realidade esferoíde irregular num plano. Assim, e simplificando bastante a questão, as projecções utilizadas para fazer os mapas apenas conseguem conservar algumas das propriedades reais (área, forma, distância, ângulo, etc.), ao mesmo tempo que distorcem as restantes.
Historicamente, por várias vezes se utilizaram mapas verdadeiros para mentir, quer para a realização de mais-valias quer para efeitos de propaganda (basta ver que julgamos a Europa um colosso, quando na realidade tem um tamanho ridículo, veja-se uma projecção que preserva a área: Gall-Peters).
Os mapas adoptados pelo regime condicionam a nossa percepção do mundo. Se agora pensamos que o planeta assume a forma de Winkel III (ou a de Robinson para os mais velhinhos e não só, vá), quem cresceu no Ocidente durante a guerra fria julgará que o mundo é como Mercator o retratou. Esta última projecção conserva os ângulos (sendo assim excelente para navegação) mas exagera as áreas junto aos pólos, daí ter sido usada para incutir medo na população, dando um ar mais ameaçador à União Soviética.
Resumindo, convenceria sem dificuldade alguém que cresceu do lado de cá durante a guerra fria a vender-me a América do Sul por troca com a Gronelândia. Contudo, se na projecção de Mercator a ilha aparentemente é maior que o subcontinente americano, na realidade a América do Sul é oito vezes maior que a Gronelândia.
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