quinta-feira, março 08, 2007

A luta toda

A 8 de Março de 1857, as mulheres empregadas em fábricas de vestuário e indústria têxtil fizeram um grande protesto em Nova Iorque contra o reduzido salário (1/3 do masculino) e a redução do horário de trabalho de 16h para 10h diárias. [ilustração de Barbara Kruger]

Alguns historiadores referem que este protesto acabou com um grande incêndio de uma fábrica onde as mulheres foram trancadas, morrendo 130. Outros negam esta versão, remetendo a confusão para um incêndio de uma fábrica em 1911 que - por falta de segurança no trabalho - vitimou 146 mulheres trabalhadoras. De qualquer das formas, o Dia da Mulher teve a sua génese na luta das mesmas pelos seus direitos laborais.

Em 1910, por proposta de Clara Zetnik - dirigente comunista alemã - a data desse protesto foi instituída pela Internacional Socialista como Dia Internacional da Mulher. Desde 1957 a celebração é assumida pela ONU.

Acredito que a celebração de um dia apenas como evocação do passado é um exercício inútil. Deverá ter como objectivo providenciar a perspectiva histórica necessária para reflectir sobre o presente e projectar as lutas e conquistas para o futuro. Porém, a nível institucional apenas se apresentou a luta pelos direitos da sexualidade - neste e nos últimos anos em especial a questão da violência doméstica [que em nada é periférica]. A outro nível, assistimos à sua transmutação em mais um dia de prendas, bastando estar atento às montras: flores e chocolates.

A questão dos direitos laborais da mulher parece ter caído em esquecimento dando a ideia de que tudo já foi conquistado e solucionado. Contudo, neste momento e no nosso país uma mulher ganha menos pelo mesmo trabalho que um homem, corre o risco de perder o emprego ao engravidar, vê os lugares de chefia continuam-lhe vedados, e persiste como única responsável pela dupla jornada de trabalho (sendo que o doméstico não é remunerado); ao mesmo tempo que o demprego da mulher é superior e crescente.

Que fique bem claro: não defendo a primazia da luta laboral sobre as outras, dedico o texto exclusivamente a esta questão apenas porque a vi esquecida. Considero o resultado no referendo uma tremenda conquista para a condição da mulher e que a discussão gerada na sociedade permitirá ir mais além. Importa travar todas as lutas de todos e todas. Não posso aceitar a sonegação de uma das lutas essenciais; a igualdade passa também pelos direitos laborais da mulher.

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1 Comments:

Blogger Unknown said...

Um bjinho para Ti, Voltarei com mais serenidade,
Papoila Sonhadora,

sexta-feira, março 09, 2007 10:10:00 da tarde  

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