Restaurante, claro está!
O fim da Praça do Peixe: como escrevi abaixo, o mais provável seria que o dito "espaço cultural" fosse um restaurante. Ora, cá está: «A exploração de restauração e lúdica é uma possibilidade e até já terão chegado propostas de concessionar o espaço».
Não conheço o relatório que dá conta das deficiências higiénico-sanitárias do Mercado, desconheço assim a magnitude das mesmas. Espero que o relatório seja tornado público, mas posso já tecer algumas considerações:
1. As regras de higiene implementadas pela União Europeia muitas vezes visam incrementar o modelo de produção capitalista, e nada tem a ver com a higiene e saúde (vide o fim dos galheteiros; a ver como é o caso presente);
2. A Praça do Peixe foi restaurada recentemente, as obras terminaram há 3 anos com um custo de 1,5 milhões de euros e uma duração de 2 anos. Com este custo e duração não compreendo porque não terão sido implementadas todas as condições higiénico-sanitárias (mesmo as não exigíveis pela lei na altura);
3. Élio Maia tinha um amor supremo pelo antigo Estádio Mário Duarte, estava contra a sua demolição por considerar que fazia parte do imaginário da população de Aveiro. Essa opção acarretava sacrifícios e não se sabia bem para que serviria um segundo estádio (nem o primeiro se sabe bem para que serve), mas Élio Maia estava disposto a fazer o sacrifício. Agora parece que a Praça do peixe é totalmente descartável e não há imaginário para ninguém, não obstante que no fim de semana do anúncio da intenção de fecho tenha lá decorrido uma representação da venda de peixe do final do século XIX;
4. Não existe qualquer ideia da CMA para o espaço do Mercado. Aquilo será "something else". O Vereador Carlos Santos sugeriu primeiro um qualquer "espaço cultural", mesmo quando eu já tinha ouvido a história do restaurante que agora parece confirmar-se e já existirão propostas. Neste momento o Mercado desempenha uma função, a CMA não tem qualquer função para o espaço, portanto na cidade há muito espaço para something else, que deixem o espaço desempenhar a sua função;
5. Discordo com as afirmações do Vereador Carlos Santos quando diz que já existem dois bons mercados na cidade, que portanto não é necessário aquele só para vender peixe [dito assim até parece que o relatório higiénico-sanitário é uma boa notícia para a CMA]. A concentração temática da cidade é um erro urbanístico. O aglomerar todas as áreas de comércio (tal como de desporto, lazar e verdes) numa ou duas áreas aparta a cidade, aumenta as distâncias e leva ao aumento da dependência de mobilidade individual;
6. Nas cidades a privatização do espaço público avança a todo o vapor, que seja para dar lugar ao betão, ao automóvel ou ao La Féria. Espero que neste caso não se retire do domínio público aquilo que hoje é de todos para dar lugar a um restaurante. Não me parece que a existência de mais um restaurante seja uma prioridade ou uma mais-valia para Aveiro...
Etiquetas: Aveiro, Praça do Peixe
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