quarta-feira, dezembro 19, 2007

Regiões de turismo

Hoje no Diário de Aveiro: O Governo reduziu de 19 para apenas cinco as regiões de turismo, coincidentes com as regiões administrativas (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve). Concorda com esta decisão?

As regiões de turismo devem estar organizadas por eixos estruturantes interligados que as identifique e que atraía os turistas. A marca de uma região de turismo deve imediatamente remeter para a sua oferta turística. Ora, a diversidade turística destas mega-regiões não está interligada, dificultando o processo de divulgação e identificação. Mais uma vez o governo optou por extinguir serviços de proximidade, reduzindo a qualidade do serviço público.
A actual Rota da Luz não serve os interesses da região, já que a sua marca nada diz ao turista. A Ria de Aveiro, as suas gentes, a sua especificidade, a sua cultura, a sua gastronomia, e a sua proximidade constitui por si só um eixo de interesse turístico.
Defendo a promoção da recém-criada Marca Aveiro, com integração inter-municipal, passando pela criação e promoção de circuitos de turismo da natureza pela Ria, Sapais, Salinas, Pateira de Fermentelos e Rio Vouga.
Na região e no país, a política turística das autarquias trilha o caminho da especulação imobiliária e do turismo para elites, nomeadamente pela construção – prevista para Aveiro, Ílhavo e Ovar – de campos de golfe e as envolventes habitações e hotéis de luxo. O investimento no turismo deve também visar a qualificação do espaço de todos e o usufruto dos tempos livres por parte de toda a população.
O Governo tem também em curso uma mudança da estratégica turística, da campanha “Portugal: The West Coast of Europe”. Uma pessoa acorda de manhã e o Governo decide colocar o país noutro ponto do mapa, mas é este o verdadeiro país de José Sócrates. O Portugal publicitário, o país do photoshop e da propaganda. Para a ocasião, foi contratado o fotografo Nick Night por uma pequena fortuna.
Os “talentos portugueses” da campanha tem todo o mérito, mas não correspondem a uma nação e muito menos correspondem à oferta turística do país. Mas esta campanha não estará apenas nas revistas “lá de fora”, como também em cartazes gigantes – em inglês – em Lisboa e no Porto. E nestas cidades certamente não nos vende a imagem de um destino apetecível turisticamente. Vende-nos a imagem do Governo um Portugal sem mácula, sem dois milhões de pobres, um Portugal onde muitos destes “talentos portugueses” retratados não teriam que emigrar para exercer o seu nível actual de “talento”.

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