terça-feira, setembro 08, 2009

O ruído não chega para ganhar


No debate entre Francisco Louçã e José Sócrates a táctica do primeiro-ministro foi evidente: falar das propostas do Bloco, e repeti-las até à exaustão de forma a não restar tempo nem oportunidade para ter que defender a sua governação, o seu código de trabalho, as suas reformas, o seu programa. Na tentativa de se desviar das suas responsabilidades, Sócrates confirmou que o Bloco de Esquerda é um partido com programa de governo.

A força do Bloco de Esquerda é a força das suas propostas. A estratégia comunicacional nos outdoors é clara, com cada outdoor - excepto os dois últimos - a veicular uma proposta forte do programa eleitoral. Todo o restante material de campanha, entrevistas e debates vão no mesmo sentido: transmitir as propostas do BE. Considero aliás que em torno dessas propostas se pode construir uma maioria social.

Mas Sócrates só podia tentar ganhar pelo ruído. Começou por recorrer ao medo do papão, usando ao epíteto "radical" - um termo conjuntural e não estrutural - vezes sem conta, adornando por vezes por"extremista". Passou então para a confusão. Começou pela confusão da nacionalização da banca e dos seguros com a políticas públicas para o sector através da Caixa Geral de Depósitos [capítulo III.B.7, pág. 54] quando foi o próprio Sócrates a nacionalizar o BPN e os seus prejuízos.

«Em terceiro lugar, o Estado construiu um regime fiscal que promove as desigualdades, que aumenta o peso dos impostos indirectos e que cria um regime de benefícios fiscais regressivo que favorece a especulação e o abandono dos serviços públicos por amplos grupos sociais, em especial na saúde e na educação.» - programa para um Governo BE
A peça de resistência de Sócrates foi a questão dos benefícios fiscais na saúde e na educação, repetida à exaustão. Sócrates e o PS aumentaram as propinas, autorizaram o aumento do preço dos manuais escolares, rejeitaram incluir os dentistas no SNS e criaram novas taxas moderadoras para internamento e cirurgia, etc., aumentando o preço do acesso à saúde e à educação. Louçã e o BE defendem uma sistema nacional de saúde universal e gratuito e a educação universal e gratuita. Portanto, Sócrates dá amendoins, descapitalizando o Estado e tornando o sistema tributivo complexo, para de seguida cobrar diamantes no pagamento da saúde e da educação que o BE entende ser serviços públicos gratuitos.

Um debate esclarecedor para os eleitores de esquerda, muito graças às tentativas de não esclarecer...

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13 Comments:

Anonymous Anónimo said...

é uma pena. Mas que o socrates ganhou o debate lá isso pareceu.

quarta-feira, setembro 09, 2009 5:12:00 da tarde  
Blogger João Dias said...

Acho que foi um bom debate.

Quem é Socratista ainda não percebeu a derrota que esta táctica encerra.
Sócrates começa por dizer que a escolha entre PS e PSD, portanto para ele estes são os partidos cujos programas serão programa de governo. No entanto, passou o tempo a tentar desinformar sobre o programa do BE, ou seja o programa que se discutiu foi o do BE, o que se percebe porque é de facto um programa claro, sério e que responde à crise.

Pior ainda, Louçã levantou inúmeras questões que Sócrates não desmentiu...
Negócio da Galp, caso das camas de hospital em seia, Negócio Liscont...enfim. Só não vê quem não quer.

Quanto à questão das deduções é muito fácil desmentir o que diz Sócrates, Louçã fê-lo por duas vezes.

quarta-feira, setembro 09, 2009 5:45:00 da tarde  
Blogger Nelson Peralta said...

Não ganhou, mas até podia ter ganho. Contudo, não seria o candidato com melhores propostas para os cidadãos... e isso é que interessa!

quarta-feira, setembro 09, 2009 8:20:00 da tarde  
Blogger José Teixeira said...

Informem melhor o homem, ou então o grande educador do povo tem de andar sempre à espreita para poupar os tais milhões como teve a lata de dizer hoje em campanha.
Lamento mas o BE está a ficar um bocado como uma seita manhosa, se o bispo afirma nós acreditamos.
Ter-lhe-ia ficado bem vir a público dizer que se tinha enganado, afinal sempre é um homem e não deus.

quarta-feira, setembro 09, 2009 11:22:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

como diz o povão: foi um banho de bola! socrates felizmente aniquilou o lider do bloco de esquerda. ainda bem que assim foi porque é preciso derrotar o partido irresponsável que apenas pega em casos pontuais para generalizar com medidas improváveis e eleitoralistas.

é preciso fazer politica responsável... e não é com movimentos insanos e infanto-juvenis como o bloco de esquerda, partidos do cartão como o ps, partidos da avozinha má como o psd ou do rapazola das feiras que o quinto império se cumpre na decima sexta letra do alfabeto latino.

a proposito: só no país dos trigémeos... ana alfa e beto é que é possivel um movimento às corezinhas como o bloco se transformar num partido politico com 20% de potenciais votantes.

espero bem que assim não seja.

quinta-feira, setembro 10, 2009 2:11:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

8 a 1. O sócrates parecia o cardozo

quinta-feira, setembro 10, 2009 9:33:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Uma coisa é certa o regime em que se inspira o bloco é o da antiga Albânia. Está tudo dito.

sexta-feira, setembro 11, 2009 4:47:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

«Quando o MES acabou (por lá passaram Sampaio e Ferro Rodrigues, entre outros) deu um jantar para anunciar: acabámos. O jantar limpou a cabecinha dos militantes, ajudou-os a fazer o luto de uma luta política, revolucionária, passando para outra, democrática (burguesa, diriam antes). Fez-lhes bem o jogo limpo: ontem íamos por ali, agora, vamos por aqui. Muitos deles foram depois ministros e patrões (o que antes combatiam radicalmente). Os que continuaram agarrados às antigas ideias chamarem-lhes vira-casacas, mas não puderam acusá-los de mentir na sua evolução. Não se passou o mesmo com o Bloco de Esquerda. Essencialmente, este é formado pelos trotskistas do PSR e os maoístas da UDP, correntes revolucionárias. Ora nem o PSR nem a UDP fizeram a proclamação política do seu fim, só deixaram estiolar as siglas. Mas Francisco Louçã apresentou-se no debate com Sócrates assim: "Sou socialista, laico e republicano." Então, quando é que deixou cair o "revolucionário"? Não tenho dúvidas de que, no fundo, tenha deixado, e que talvez venha a ser ministro num governo a que chamaria burguês há poucos anos. Mas parece-me que lhe falta, a ele que dá tanta importância à ideologia, que o diga na teoria, antes de ser definitivamente comprovado, na prática, que mudou.
Ferreira Fernandes no DN

sexta-feira, setembro 11, 2009 5:29:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ricardo Costa, no Expresso da Meia-noite, a dizer que no programa do BE cabe tudo lá dentro: até o fim dos rodeos. Não é bem assim: Louçã não fala nas touradas. Ele não quer perder a Anita (e, por extensão, Salvaterra de Magos).

sexta-feira, setembro 11, 2009 11:55:00 da tarde  
Blogger Nelson Peralta said...

Sem dúvidas que o programa para um governo do BE será o programa eleitoral mais lido dos últimos tempos. Ainda bem que assim é. Torna tudo mais claro.

Alguns dos anónimos é que não o leram... mas ainda estão a tempo.

sábado, setembro 12, 2009 2:58:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sr Peralta não me vou identificar mas desafio-o a publicar os comentários que vou emitir!
É evidente que pela sua idade e ediologia de modo algum poderá avaliar o sacrifício, o sofrimento dos Homens que foram forçados a participar na Guerra Colonial, e as consequências nefastas para eles e suas famílias.
Tenho assistido, perplexo, ao relevo que a nossa imprensa dá aos militares de hoje, que voluntáriamente, ganhando balúrdios,vão participar em acções de defesa de outras guerras, noutros países, sendo tanto à partida como no regresso, tratados como heróis!
Onde está o Respeito por aqueles milhares que ainda hoje sofrem por falta de apoio, a vários níveis, dos diversos governos?
Têm sido ao longo dos anos ignorados, estigmatizados!
Como pode o BE apregoar tanta justiça social, quando nas suas intervenções parlamentares nunca ouvi falar e exigir dos governos mais atenção para estes HOMENS!
Falo na primeira pessoa! No início desta legislatura, escrevi a todos os grupos parlamentares, bem como ao 1º ministro, min. das finanças e defesa, e incrivelmente os únicos que não responderam foram o BE e o PSD, o que é significativo!...
Entretanto, nesta pseudo-democracia, trasformada em oportunismo para muitos um determinado jornalista conotado com a esquerda portuguesa, não deixou de usar, tendenciosamente, Salazar, Guerra Colonial e Ex-Combatentes, obtendo assim proveitos bem superiores, mas bem superiores aos desses Militares e Ex-Militares!
A História deste País está a julgar o passado, assim julgará também as políticas actuais!...
MC
e ex-


Combatentes

sábado, setembro 12, 2009 4:56:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O anónimo das 4.56 onde diz ediologia queria dizer ideologia. houve engano na redacção.

domingo, setembro 13, 2009 8:08:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Louçã gosta do povo excepto das peixeiras de Alcobaça. Peixeiradas já ele faz na A. R. e chega-lhe. O educador do povo vai resolver o caso das acções da galp em poder de Eduardo dos Santos. Vai nacionalizá-las. O educador do povo não diz é como vai resolver o problema dos milhares de portugueses que serão recambiados de Angola quando o E. dos Santos resolver retaliar. E este país anda entregue a esta gentalha sem eira nem beira.

terça-feira, setembro 22, 2009 2:19:00 da manhã  

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