domingo, maio 16, 2010

A fornicação e a moral pública


Não sei se foi da visita do número 1 da ICAR a Portugal, mas a polícia dos costumes saiu à rua.

Duarte Pio, o tipo que acha que devia ser rei e todos nós súbditos, veio a público garantir que "Tornar obrigatório o ensino da educação sexual resume-se a dizer: forniquem à vontade, divirtam-se, façam o que quiserem mas com higiene. Praticamente é só isso, em vez de dar referências éticas e morais em relação ao desenvolvimento de uma sexualidade saudável. Ao mesmo tempo, desencorajam-se as aulas de educação moral e estamos a dizer que a moral não tem importância, que só a sexualidade livre é fundamental para a felicidade dos portugueses".

Duarte Pio aproveita a embalagem e declara ainda que consigo não havia divórcio, casamento homossexual ou aborto. Fico verdadeiramente comovido com este desejo de tornar o Estado como o doutrinador e fiscalizador da moral e dos costumes. Fico enternecido especialmente por quem o pede, já que a malta da sua laia - quem julga que por ser filho de um tipo qualquer lhe confere direitos superiores ao resto da população - no passado utilizou exactamente esses mecanismos para impor, por exemplo, o direito de pernada.


Mas, mais grave que as declarações de um tipo a uma revista é mesmo a actuação de malta a quem a sociedade confere alguns poderes. Isto sim assusta: que a Vereadora Maria Gentil Vaz, do PSD, possa definir a moral pública e impô-la com o despedimento e a transferência de funções da professora das actividades de enriquecimento curricular Bruna Real que pousou para a Playboy com outra mulher.

A Câmara de Mirandela empregava a professora através de recibos verdes ilegais e a ganhar menos de 500 euros. José Pires Garcia, presidente do agrupamento de escolas em questão considera ainda que pode definir o que é apropriado ou não para a vida privada de um professor:"aparecer numa revista sem roupa não é compatível com a função de professora e de educadora".


Esta conduta dos poderes em Mirandela mostra-nos não só o abuso desta gente ao impor os seus valores conservadores a toda a sociedade, mas também a sua visão sobre o trabalho. Durante o horário laboral vendemos não só a nossa força de trabalho, mas também a nossa vida. E, fora da labuta, temos que nos reger pelos princípios morais de quem nos emprega. A única coisa bonita nesta história é o facto destes conservadores se oporem ao mercado que tanto idolatram: a revista esgotou, não foi? O mercado serve para para distribuir os bens e serviços pela procura e logo pela necessidade social, não é? Pelos menos é essa a justificação para vivermos nesta organização social capitalista. Se não é verdade, ...

Já sabíamos que a precariedade era um excelente mecanismo de controlo social, minimizador do confronto quando se baixam salários e se retiram direitos laborais. Ficamos agora a saber que esse controlo social se estende à imposição de uma moral pública. Ou aceitas a coisa implícita ou ficas sem emprego.


Nada que me seja distante e não esteja habituado. Em Aveiro o Presidente Élio Maia deu a si próprio o poder de definir e interditar o que não vai ao encontro do "decoro e moral públicas" e o Vice-Presidente Carlos Santos acha que tem o poder para definir que os eleitos não podem usar sapatilhas em iniciativas públicas.

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nelson Peralta, voçê e muitos mais têm que nascer muitas vezes para chegarem ao nível de D. Duarte Pio, Duque de Bragança, HERDEIRO LEGÍTIMO DA COROA PORTUGUESA!
Hà muito que não dava o ar da sua "graça" e assim se devia manter!...
POBRE PAÍS entregue a todos estes politiqueiros que por aí grassam!...

domingo, maio 16, 2010 5:11:00 da tarde  
Blogger Guimaraes said...

A minha opinião
http://guimaraes2-observador.blogspot.com/2009/03/sexo-moral-e-bons-costumes.html

domingo, maio 16, 2010 11:05:00 da tarde  

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