Capitalismo desportivo
Em tempos já aqui abordei a questão da passagem do desporto vivido para o desporto visto [1, 2,]. Agora acentua-se a transposição das alegrias e tristezas para o Mercado.
Há quem festeje os 25,5 milhões da venda de Nani, há quem os chore. Qualquer dia a exibição e o resultado serão irrelevantes, institui-se o campeonato da Bolsa. Muito sinceramente pouco me interessa o valor das acções de uma SAD, e não vejo em que seja positivo receber um pote de ouro por um bom jogador para o esbanjar em 10 maus.
Entretanto o novo herói pop português, Joe Berardo, lá fez uma OPA ao Benfica. Em pouco tempo, sem nada ter produzido, induziu uma valorização de ~60% nessas acções num único dia. O pop-hero lá conseguiu o que queria. Isto de a visibilidade pública e mediática não ser directamente proporcional à bolsa de cada um de facto não é nada bem.
Rui Costa? Fuck him! Muitos não perceberam estas palavras de Berardo, porque - à semelhança da Comissão de Trabalhadores da PT - não percebem que tipo de riqueza é a sua. Berardo nunca produziu nada, nunca gerou qualquer mais-valia para a sociedade, nunca melhorou a qualidade de vida da Humanidade... a sua riqueza foi construída somente em negócios especulativos. Portanto se adquirir o Benfica - se é que é essa a sua intenção - vai meter aquilo a render, valorizar e vender. Ganhar ou não campeonatos é um dado secundário, apenas importante mas não essencial para valorizar o produto.
Neste contexto há que deitar borda fora Rui Costa. Quer Rui Costa jogue bem ou mal, economicamente é um peso morto já que a sua valorização é impossível e, para mais, tapa o lugar a um qualquer tipo que venha jogar - melhor ou pior - para a montra Benfica e que em 6/12 meses possa ser transferido com lucro. Sintomático Berardo dizer que se Rui Costa quisesse ajudar o Benfica tinha vindo aos 25 anos (já agora onde andou Berardo na Operação Coração?) No desporto capitalista não há espaço para sentimentos, apenas para o lucro.
Já agora, quem são os campeões da Europa em título? AC Milan: Maldini (39 anos); Cafú (37); Serginho (36); Inzaghi (33)...
Nota: não, não sou do Benfica. E fica uma temática por responder, a quem pertence a um clube: aos sócios ou aos donos das acções?
Etiquetas: desporto, economia de mercado, futebol
3 Comments:
A temática que fica por responder tem uma resposta simples: aos donos das acções. Devíamos era assumir isto e deixar de fazer estádios para mais de trinta mil pessoas. Os donos das acções são meia dúzia de gajos. Cabem todos no campo dum ciclo preparatório qualquer.
inteiramente de acordo.
o 'bagaço' diz que os donos das acções, referindo-se a detentores de lotes significativos, são meia dúzia de gajos...
pois são. e, desses seis, alguns repetem.
joaquim oliveira é o melhor (e maior) exemplo.
Concordo com ambos. Arrogam-se de de donos de um clube, fiquem com ele e deem-lhe bom uso.
O Joaquim Oliveira não é dono só dos clubes, mas também de um império de comunicação social.
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