O cão que tenta morder a sua cauda
Perdi-me nas contas, mas foi um dia em cheio! O Banco de Inglaterra nacionalizou parcialmente os maiores bancos da ilha por 64,3 mil milhões de euros e abriu uma linha de crédito a curto prazo de 258 mil milhões de euros. O Banco do Japão interveio hoje pelo 16º dia consecutivo na economia, desta feita com a injecção de 11 mil milhões de euros. Entretanto, a Reserva Federal Americana está a emprestar dinheiro de borla (taxa de juro 1,5%).
Mas a melhor parte para mim é a justificação do Governo Inglês para a ruinosa nacionalização parcial: «O grande problema é que se não fizermos isto, os bancos deixam de emprestar dinheiro entre eles e se não emprestam entre eles também não nos vão emprestar a nós. Isto está a passar -se em todo o mundo.» - Alistair Darling
Esta argumentação faz-me lembrar o cão que desalmadamente tenta apanhar essa coisa estranha que é a sua cauda. Segundo esta teoria, o Estado faz nacionalizações ruinosas e cria rodos de dinheiro para que os bancos continuem a emprestar dinheiro.
Ora, o dinheiro em causa é válido porque o Estado lhe confere essa autoridade (delegou a criação de dinheiro ao Banco de Inglaterra e consequentemente nos demais). Portanto, se os bancos não conseguem fazer uso dessa autoridade ou a usaram indevidamente, muito simples: o Estado assume novamente essa autoridade. E não nos podemos esquecer que essa autoridade foi delegada de acordo com a crença neoliberal de que a coisa privada torna a coisa melhor. Caso ainda não tenham reparado, a financeirização da economia que isso permitiu é exactamente a causa desta crise.
Mas a melhor parte para mim é a justificação do Governo Inglês para a ruinosa nacionalização parcial: «O grande problema é que se não fizermos isto, os bancos deixam de emprestar dinheiro entre eles e se não emprestam entre eles também não nos vão emprestar a nós. Isto está a passar -se em todo o mundo.» - Alistair Darling
Esta argumentação faz-me lembrar o cão que desalmadamente tenta apanhar essa coisa estranha que é a sua cauda. Segundo esta teoria, o Estado faz nacionalizações ruinosas e cria rodos de dinheiro para que os bancos continuem a emprestar dinheiro.
Ora, o dinheiro em causa é válido porque o Estado lhe confere essa autoridade (delegou a criação de dinheiro ao Banco de Inglaterra e consequentemente nos demais). Portanto, se os bancos não conseguem fazer uso dessa autoridade ou a usaram indevidamente, muito simples: o Estado assume novamente essa autoridade. E não nos podemos esquecer que essa autoridade foi delegada de acordo com a crença neoliberal de que a coisa privada torna a coisa melhor. Caso ainda não tenham reparado, a financeirização da economia que isso permitiu é exactamente a causa desta crise.
Etiquetas: capitalismo, dinheiro, economia de mercado
3 Comments:
voces bloquistas sao muito estranhos: reclamam que as taxas sao mt altas na europa, reclamam que a Fed empresta de borla... nao entendo. mas voces la sabem, do livro da demagogia nao estudei !
Quem reclamou? Todo o primeiro parágrafo é uma constatação de facto: as coisas estão tão más que o Fed empresta dinheiro de borla (ou ainda abaixo disso), etc.
Bad:
Isto de não se compreender o que é o capitalismo liberal e a economia de mercado na sua essência, e de não se ser lá muito probo, é o que dá.
O problema desta crise, bem como a de 29 (com as devidas diferenças), é que ela não vai acabar com este sistema capitalista selvático que se alimenta precisamente de crises, enquanto não existir uma vontade política minimamente humanista (e, por isso, reguladora) que lhe imponha limites. Mas previamente reguladora. Não é a posteriori.
Subsidiamos as crises de um sistema que nos subjuga.
Indo à raiz do problema, o crédito (empréstimos) nem existiria (pelo menos com as dimensões actuais), se não houvesse desemprego, se não houvesse salários miseráveis e se as pessoas não necessitassem de "pedir".
Coitadita da banca que veria os seus dias contados!
O conceito radical de socialismo reside precisamente na ideia de distribuição igualitária da riqueza (em sentido lato).
Se analisarmos as coisas sempre depois dos resultados, é óbvio que nos vamos limitar a uma visão redutora das crises.
Agora, em que parte do texto, e do discurso bloquista é que a demagogia prolifera?!
Dá-me a sensação que a a lama suja mais a mão que a atira do que o alvo que visa.
Enviar um comentário
<< Home