As salas de espectáculo da região
A questão mais relevante não será se há salas a mais, mas sim se há público a menos e porquê. Estas salas tem valências e potencialidades diferentes, é necessário analisar o que leva a que estejam continuamente vazias.
Por exemplo, no caso do Teatro Aveirense, a política cultural não regista continuidade e é feita de rupturas. Não há a criação de hábitos sistemáticos, nem há uma calendarização coerente para uma determinada área cultural (teatro, dança, cinema, ...). O Teatro Aveirense é hoje uma sala sem identidade definida e sem estratégia de fidelização de público. O festival Sons Em Trânsito era a expressão de uma política que alargou os horizontes do Teatro, ao fidelizar e ir buscar público bem longe, tendo mesmo chegado a desenvolver parcerias com outras cidades. Este festival tornou o Teatro Aveirense numa referência nacional em músicas do mundo. O Festival Voz de Mulher tinha também potencial comprovado, mas veremos que seguimento lhe será dado.
Em Aveiro, a cidade e a universidade vivem em dois mundos separados, não há qualquer parceria na área cultural e de programação entre ambas. Não há nenhuma estratégia para atrair o imenso público da comunidade universitária para as salas de espectáculo do município.
A existência destas três salas de espectáculo geograficamente próximas deveria permitir o estabelecimento de parcerias e trabalho conjunto. Uma gestão envolvendo as várias salas permitiria o desenvolvimento de produção própria e local, algo que neste momento não existe.
Contudo, a avaliar por outras áreas parece-me que a relação entre as várias salas de espectáculo da região, pura e simplesmente não se vai processar. Tal como em tudo o resto, serão salas estanques no seu meio e concorrentes entre si. Não deixa de ser curioso que estes três município, mesmo governados pelo mesmo partido, não se consigam entender e implementar políticas estruturantes e intermunicipais.
Aliás, mesmo dentro do próprio concelho não existe uma política integrada para as diferentes salas de espectáculos. O Teatro Aveirense e o Centro Cultural e de Congressos, assim como as restantes salas do concelho, são espaços sem qualquer visão conjunta. Para mais, o Centro Cultural e de Congressos na prática já não existe para a cultura.
Estas diversas salas da região terão que apresentar uma programação singular e diversificada para atingir todos os públicos, para além de definirem uma identidade própria e diferenciadora.
Etiquetas: Aveiro, cultura, Diário de Aveiro, Estarreja, Ílhavo
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