A verdadeira alquimia
Esta semana, duas empresas financeiras norte-americanas dedicadas ao crédito imobiliário (Fannie Mae e Freedie Mac) entraram em colapso. A Administração Bush pediu ao Congresso que aprove uma linha de crédito até 300 mil milhões de dólares (o equivalente a mil dólares por cidadão norte-americano) para salvar estas empresas. Foi ainda pedida autorização para comprar acções destas duas empresas, portanto o Estado declara-se disposto a comprar parte destas empresas praticamente falidas e que mais ninguém no mercado ousaria tocar.
É sabido que o cidadão que por qualquer infortúnio deixe de conseguir pagar as mensalidades do seu crédito ao banco, está desgraçado e o Estado certamente não se mete no assunto. Da mesma forma, o Estado nada faz se qualquer um de nós tiver um pequeno negócio que vá à falência.
O capitalismo é isto mesmo, só é bom para os amigos. Os grandes negócios financeiros são isentos de risco, já que se correr mal, o Estado – todos nós – assume o risco inerente ao investimento. No sistema vigente vigora a privatização do lucro e a nacionalização do prejuízo.
Para mais, o negócio dos bancos é bastante interessante. A sua actividade consiste na produção de dinheiro a partir do nada. Os bancos emprestam aos seus clientes dinheiro que não tem e que não existe. De seguida pedem aos bancos centrais que façam mais dinheiro, sendo que nem é preciso imprimi-lo, basta inserir os números no computador.
Em suma, o dinheiro que os bancos emprestam não tem correspondência com os débitos depositados, nem com nada que possuam. A única garantia de valor do dinheiro é a assinatura do cliente do empréstimo que se compromete a pagar esse valor.
Os bancos são assim um excelente negócio, já que na prática possuem o alvará de produção de dinheiro a partir do nada. Para mais, a quantidade de dinheiro existente controla em muito a inflação e a definição da taxa de juro – os dois eixos da política financeira.
De acordo com a teoria neoliberal, o mercado através da interacção dos indivíduos e na ausência de uma entidade coordenadora do interesse comum, resulta numa determinada ordem como se existisse uma “mão invisível” que os orientasse. Daí que defendem que a economia de mercado deve funcionar sem a interferência do Estado. Porém, os próprios arautos liberais mandam a sua própria teoria às urtigas quando uma instituição financeira está em crise e usam o Estado para a salvar em claro prejuízo de toda a sociedade.
De igual modo, nos casos relatados, os 55 mil milhões de libras e os 300 mil milhões de dólares não existem no momento da decisão, sendo dinheiro que será apenas produzido pelos bancos centrais de propósito para a ocasião.
Da próxima vez que lhe digam que vivemos num mundo onde não há dinheiro para a segurança social, para a acção social, para a saúde, para a educação, pense nos valores pornográficos que o Estado fabrica para salvar empresas financeiras...
Etiquetas: capitalismo, Diário de Aveiro, dinheiro, economia de mercado
8 Comments:
O nome estão incorrectos. Estás a referir-te ao Northern Rock , e não ao Northern Bank.
Tárique,
Tens razão. Estava convencido que só havia um "Northern". Vou corrigir as já muitas referências erradas aqui no blogue. Obrigado.
Para os leitores interessados em introduções rápidas e compreensíveis aos sistema que o Nelson tão bem denuncia, vejam a animação Money as Debt.
:) Pelo meu comentário anterior, fica-se a perceber que eu leio tudo através do feed: não me tinha apercebido que tens o filme disponível em destaque na tua "TVisão". :)
JM,
Sim, o "Money as Debt" está já é a exibição da casa :)
O nosso percurso escolar é perfeito, por mais anos que se ande por lá, não há uma única aula sobre o que é o dinheiro, o seu valor ou como funciona o nosso sistema económico.
Excelente artigo Nelson.
É indecente mas ao mesmo tempo sintomática, a forma como o poder político neo-liberal, trata as questões do grande capital.
O grande paradigma é que esta gente continua a governar o mundo, senão veja-se as consequências da crise nos mercados financeiros imobiliários dos EUA.
O capital virou~se para formas mais apetecíveis de realizar mais-valias : Especulação no mercado do petróleo, nos cereais, etc. O pior é que isto trespassa-nos globalmente como uma onda.
Um abraço
Há três olhinhos cândidos e brilhosinhos que nos suscitam cuidado: o olhinho do pombo, o olhinho do cão, e o olhinho do rato. Porque um fica no sótão, outro fica no porão, e outro no meio, dentro da casa. Um vem por sobre nossa cabeça, outro vem por sob nossos pés, e outro por meio de nossas mãos. Dos três as fezes são-nos extremamente nocivas; e por elas nos viciamos sem que tenhamos mínima percepção disso.
Todos os três dissimulam sua proximidade: um se vale de nossa miséria psicológica, outro de nossa miséria social, e outro da nossa miséria emocional.
Estes três estão nos símbolos do submundo da religião, e os “espertos” do mundo tecem profundamente tremendo arrasto conhecendo muito bem o descuido e a fraqueza que temos com a candura dos olhinhos que eles têm.
Numa geração que com muita sorte viermos despontar ficaremos abismados quando virmos como éramos engambelados e escravizados. Sentiremos vergonha, muita vergonha, e isso nos fará não esquecermos nunca do que vivemos.
Tomara, tomara que tenhamos chance.
Haddammann Veron Sinn-Klyss
Este comentário tá vindo pra cá pela similar desfaçatez que está assolando vários países, refere-se ao fato da Petrobrás(BRasil)estar sob a tutela do Nazi-teo-pulhítico socialismo da nova ordem de CANALHAS que vão destruir nossa Civilização se não forem detidos:
É patente (melhor, patético) como destrambelha-se a soberba das máfias tutoriais que se apoderaram de vez do Brasil.
Pergunta a) Porque o inclinamento da plataforma no RJ esteve tão perto do "irsso num é bão pú Básil"?;
Pergunta b) Porque um jornalista citando um escrachado fato suficiente pra 'estouro da bôca' do governo, foi instado a 'sei eu fosse vc num farlava irsso'?
As perguntas c, d, ... z, vão ficar pra outras; apenas é bom que se saiba que a Rede Blogueira não é um grupo pequeno de meninas que se destrói facilmente com TODO o Podrer do Socialismo-Pulhítico Divino.
"Desde a invasão intempestiva do brio civil na Rede Bloguista contrafazendo a estória de que 80% dos brasileiros estão abestalhados por uma mídia tutelada sob a vigente teo-pulhítica até à depredatória intromissão nociva na Língua Brasileira, e, até aos posts-denúncias do Pensador Haddammann que resultou em atenção ao site Sintrascoopa, realçando milhares de ações e clicks,de grandes e pequenos, mostrando que muitos (absortos em encantos e enganos e distrações arranjadas às pressas e/ou 'bem' forjadas) não vêem uma farsa gritante, e outros muitos vêem; desde esses convulsivos acontecimentos que estão prestes a revirar a Sociedade do pé à cabeça; está todo o Sistema sentindo o engulho do que o mata sem pena a si mesmo. É um momento de transição da Evolução; a "esperteza" sabe que o tempo terminou. Nós, brasileiros, entre tantos povos, conseguiremos desfazer os conluios de máfias que tomaram o poder, empresas, e educação, em nosso País."
À disposição dos pulhas está aí um e-mail pra intrometerem um pouco mais seu devasso terrorismo: haddammann@bol.com.br.
Apenas ressalto que maior riqueza do que a da Petrobrás é a que estão ávidos para obter (mais o que vão morder vai ser meio amargoso); esses canalhas estão impedindo o que é imprescindível à todas nossas iniciativas eco-ambientais.
Em tempo: Alguém acaba de dizer que enquanto pessoas viajam como burros socados dentro de conduções esfrangueladas estão aí 'lindas' kombis 'doadas' para tão 'pobrezinhas' igrejas para desfilar prá lá e pra cá ostentando o 'bem' dos 'caridosos escorados' pelos bairros miseráveis. Tudo lama lá!
Apenas para lembrar: Talvez o Super-Homem das Américas sempre tenha sido a Imprensa; e a fibra dos repórteres não se acanha e nem se acovarda (Watergate); Tim Lopes viu além da ‘transparência’. E nós TODOS BRASILEIROS estamos vendo o correrio dos fantochinhos pra ‘debaixo das asas’ da Vadia Parasita e suas crias garrada em Brasília.
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