terça-feira, novembro 23, 2010

A liberdade de expressão dos senhores da guerra

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Como se pode ver na imagem, um agente da autoridade com dificuldade em exprimir-se em português escrito, impediu a entrada de cidadãos da União Europeia dado que "o seu comportamento constitui uma ameaça real, actual e suficientemente grave" para "a ordem pública" e "a segurança interna". E porque são uma ameaça tão grande? Somente porque tinham consigo material crítico da NATO! Eis uma verdadeira ameaça à liberdade de expressão...

Via Minoria Relativa. A ler, a crónica dos militantes da Izquierda Anticapitalista de Madrid que receberam esta ordem de expulsão em Vilar Formoso.

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sábado, novembro 13, 2010

Nem uma coisa má sabem fazer bem!


Fotos Virgínia Matos (já quando a árvore estava a ser removida)

Caiu esta noite uma árvore em cima de um autocarro na Avenida Lourenço Peixinho!!
Todos os 44 choupos da Avenida estão em processo de abate por ordem da Câmara Municipal de Aveiro. 26 dos choupos, os que estariam em pior estado, já foram abatidos. No caso desta árvore, cujo abate não era prioritário, o solo ao seu redor foi revolvido nos últimos dias e, ontem mesmo, as suas raízes mais proeminentes foram cortadas. Face a estes procedimento e com a chuva intensa que se faz sentir, a árvore caiu esta noite em cima de um autocarro que circulava na Avenida, provocando-lhe obviamente danos.
O abate de todas as árvores, supostamente, era para evitar perigo para a segurança pública. Verificamos agora, que face a negligência grosseira, é o próprio processo de abate que coloca efectivamente em causa a segurança das pessoas.
O abate foi declarado prioridade para o gasto de dinheiros públicos, abrindo assim a possibilidade de construção do parque subterrâneo previsto pela CMA. Haverá agora ainda mais custos associados com os estragos provocados por um erro de algo que já era errado!
Adivinho um poderoso branqueamento para amanhã, mas é claro que esta posição ansiosa da CMA em demolir todos os choupos fica ainda mais fragilizada!

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quarta-feira, novembro 10, 2010

Ainda sou do tempo em que os desmentidos serviam para, imagine-se, desmentir!

Descubra as diferenças.
Teatro Aveirense: o díptico antes e depois do comunicado do Bloco

O Teatro Aveirense tem sido uma porta giratória para novos directores artísticos. Nenhum se aguenta muito tempo e agora, com as novas nomeações, o Teatro arrisca-se a ficar com tantos administradores como técnicos(!!). Esta é apenas a face mais visível da total ausência de estratégia cultural para o Teatro e para o concelho. A democratização da cultura e o acesso à produção cultural não passa por Aveiro.
A situação do Teatro Aveirense tem-se tornado calamitosa. Primeiro pela sucessiva redução das verbas do contrato-programa entre a autarquia e o Teatro e, como se isto não bastasse, a Câmara nem sequer o cumpre.
Há ainda a somar vários atropelos de gestão, alguns dos quais gritantes. Face a tudo isto, o Bloco colocou uma pergunta ao Ministério da Cultura descrevendo muitos dos factos. A Vereadora da Cultura e Presidente do Concelho de Administração do Teatro Aveirense, Maria da Luz Nolasco, foi lesta e lançou um comunicado de resposta nesse mesmo dia.
No seu comunicado, Maria da Luz Nolasco começa com uma falácia ad hominen e acaba com uma non sequitur. Revela-se uma vereadora com muito latim, mas pouco discernimento. Ao lançar um desmentido que nada desmente e que lança apenas confusão, mostra-se incapaz de assumir as suas escolhas políticas e os resultados que daí derivam. Esta representante dos cidadãos não está disponível para qualquer responsabilização, varre tudo para debaixo do tapete (ou neste caso, para o fosso da orquestra, ao calor e encostadinhos uns aos outros, ou eventualmente com esferovite pelo meio...). Não há nada pior em quem exerce cargos públicos do que considerar-se inimputável. A verdade é mero instrumento ao serviço do seu poder.
A Vereadora bem pode continuar a classificar o Bloco de "injurioso", a responder a números de 2009 com os de 2010, a remeter a maior parte das questões ao silêncio, e até a aborrecer crianças. Não é isso que muda a realidade que continua dramática. A acção do Bloco teve pelo menos um pequeno efeito: como se vê nas fotos acima, o dítpico que estava montado ao contrário foi imediatamente corrigido após o comunicado. Esperemos que esta acção e, acima de tudo, muitas outras da população contrariem o atavismo a que a coligação PSD/CDS remete Aveiro.
Já que se revelou tão ávida em falar sobre o assunto, bem que Maria da Luz Nolasco podia ter esclarecido os casos apresentados e já agora, responder a novas questões... Relativamente às visitas do Ministério da Cultura ao Teatro nos últimos meses, foi-lhes dado acesso às obras de arte contemporânea que esse ministério cedeu e que nunca foram expostas condignamente? A Vereadora garante o bom estado das mesmas? As aquisições de novas obras de arte inscrevem-se num plano e projecto coerente? Espero sinceramente que Maria da Luz Nolasco não fique lembrada como a vereadora que levou Aveiro a perder a colecção de arte contemporânea!

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quinta-feira, novembro 04, 2010

O apetite voraz dos mercados

Publicado no esquerda.net

A comida está cada vez mais cara. Nos últimos seis meses, o preço mundial do trigo e do milho aumentou 57%, o arroz 45%, o açúcar 55%. No último ano, a inflação dos produtos alimentares atingiu 21% no Egipto e 17% na Índia. Em apenas três meses, o preço do arroz aumentou 100% na Mauritânia e o milho 57% em Moçambique. Mais de mil milhões de pessoas passam fome no mundo. Esta realidade vem piorar a situação.

Com o colapso dos mercados financeiros, os investidores passaram a especular em mercados mais seguros como o dos produtos alimentares. Já desde o colapso das dotcoms, em 2001, que se regista este influxo. Mas foi com a crise subprime em 2007/08 que ocorreu a grande deslocação, resultando na duplicação do preço dos alimentos básicos e juntando 150 milhões de pessoas à lista dos que passam fome no planeta. A resposta não se fez esperar com motins em mais de trinta países. De momento, a situação ainda não está tão dramática como há dois anos, mas os sinais de alerta de uma nova crise alimentar estão aí, assim como os protestos, para já em Moçambique, Egipto, Sérvia e Paquistão.

A tendência de preços altos pode ainda ser agravada com os efeitos das alterações climáticas que destruíram parte das colheitas na Rússia e Paquistão, e que obrigaram já vários países a rever em baixa as suas previsões. Um relatório1 recente vem também mostrar que há cada vez menos solo agrícola: a cada ano perdem-se cinco a dez milhões de hectares devido à degradação ambiental e mais vinte milhões convertidos para uso industrial ou urbanização. O crescente uso do solo e/ou alimentos para produção de energia é outra das agravantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, 30% do milho colhido em 2008 foi transformado em bioetanol.

As próprias Nações Unidas reconhecem2 que estes preços elevados se devem em muito à “especulação dos investidores institucionais que não têm nenhum conhecimento ou interesse em produtos agrícolas”, e que apenas investem aí porque os mercados financeiros secaram. O mercado dita que se pode remeter parte da população mundial para a fome, a penúria e a morte. O mercado dita que não só esse é um acto legítimo, como é louvável, meritório e merecedor da devida retribuição financeira. O mercado está errado. É tempo de nos libertarmos da sua ditadura.

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1 “Access to Land and the Right to Food”, Report of the Special Rapporteur on the right to food presented at the 65th General Assembly of the United Nations [A/65/281], 21 October 2010
2 “Food Commodities Speculation and Food Price Crises. Regulation to reduce the risks of price volatility”, Briefing note by the Special Rapporteur on the right to food, September 2010

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terça-feira, novembro 02, 2010

As árvores vêm todas abaixo



Começou o abate dos 44 choupos da Avenida Lourenço Peixinho. Nesta primeira fase vêm as primeiras 26 abaixo, no final não restará um. A única coisa que posso acrescentar ao que escrevi antes (o estudo que antes de o ser já o era) é que assistir à coisa impressiona mais que ver a realidade em papéis.

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