Pompino ou critérios conservadores

Florença, Fevereiro 2009

De acordo com a imprensa argentina e italiana, numa escuta telefónica de um caso de corrupção centrado em Nápoles, Silvio Berlusconi afirma à agora Ministra Mara Carfagna que ela lhe faz excelentes pompino!

Atracção turística em Itália

Pisa, Fevereiro 2009

Sem qualquer dúvida que uma das experiências culturais mais interessantes em Itália é assistir a um noticiário seja de um canal público ou de um propriedade do Imperador.

Um dos noticiários da RAI Uno começou com a escolha do novo líder do Partido Democrático, a maior força de oposição parlamentar. A história foi dada em forma de reportagem, com a intervenção pública de Dario Franceschini editada. Imediatamente a seguir no alinhamento do noticiário surge Berlusconi em entrevista a reagir às declarações do líder oposicionista recém-eleito. Não satisfeitos seguem-se ainda mais duas entrevistas a membros do partido de Berlusconi para continuarem a reagir às declarações. Para terminar e para dar um ar de pluralidade surge em entrevista um membro da Italia dei Valori (partido de direita coligado com o PD). E assim acaba a festa.

Interessante é ainda ver como os meios de comunicação fazem o trabalho sujo do Presidente do Concelho na implementação do seu plano securitário. Um exemplo perfeito é um jornal gratuito que dá a notícia da violação de uma italiana por um italiano com o destaque de que grande parte das violações são feitas por romenos!

Uma questão de perspectiva

Pisa, Fevereiro 2009

Regressei da primeira nação capitalista da História.

Pisa, que vale pela sua torre mal feita, é extraordinária no sentido em que coloca 95% dos visitantes a tirar fotos nestas bonitas poses: em perspectiva a segurar, empurrar ou a beijar a torre! Antes já tinha visto fotos dessas pela net, mas nunca imaginei o fenómeno como sendo comportamento de grupo, e muito menos desta magnitude!

Vou ali e já volto

Pisa, Lucca, Florença, Siena, Veneza e Milão.

Caixa fã

«...as acções da Cimpor adquiridas na semana passada pela Caixa à sociedade do empresário Manuel Fino estavam cotadas a 3,79 euros, tendo o banco do Estado pago 4,75 euros por cada um dos mais de 64 milhões de títulos comprados.»

Um PREC à moda da Foz do Porto

A sede no Porto do Banco Privado Português (BPP) foi ocupada esta tarde por cerca de dezena e meia de depositantes que exigem o pagamento de juros e do capital que alegadamente se encontram em atraso.

Foi às 18h00, portanto logo após o chá das 5.

O frango assado é a normalidade

«A homossexualidade não é normal», considerou D. José Saraiva Martins, na terça-feira à noite, na Figueira da Foz. Uma afirmação que justificou com o facto de na Bíblia estar escrito que quando Deus «criou o ser humano, criou o homem e a mulher».

Ora, se é a Bíblia que define o que é normal, temos: «Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra». Portanto, parece que a avaliar pelos seus próprios parâmetros, o Saraiva não é normal!

«Nesta concepção muçulmana da sociedade é muito fácil que a política instrumentalize a religião e a religião instrumentalize a política.

Curiosa afirmação de um responsável da ICAR, a mesmo instituição religiosa que há dias ameaçou apelar aos seus seguidores que não votassem em partidos que defendessem o casamento homossexual!

E nem ao verdadeiro acho piada

Continuando a falar de noticiários, por cá existe o tipo telerural.

Com ministros que parecem comentadores do público.pt, o que esperar?

Z., imigrada em Itália, sobre um noticiário italiano: «imagina um telejornal da tvi, com comentadores do Público a serem entrevistados».

Nunca vivemos tão bem como no capitalismo

«Segundo [Robert] Pollin, um trabalhador norte-americano assalariado subordinado auferia 17.66 dólares à hora em 1973 e 16.35 em 2005. No mesmo período, a produtividade cresceu 85%.»

Um dos argumentos mais repetidos para tecer loas ao capitalismo é o de que nunca antes vivemos tão bem.

Ora, como se verifica, o período de financeirização da economia promoveu o empobrecimento colectivo em prol dos grandes monopólios. Para além disto, a afirmação demonstra um egocentrismo radical ignorando toda a realidade provocada pelo capitalismo, desde os cenários mais soft na Europa aos mais hard na Ásia, África e América do Sul.

Contudo, o aspecto que derruba definitivamente o argumento é o sucesso relativo do Feudalismo. Até à época feudal nunca antes se tinha vivido tão bem, e não foi por isso que se procurou um novo modo de produção. Essa busca de uma nova organização social deveu-se essencialmente ao facto de se tratar de um sistema filosoficamente injusto. Foi contudo substituído por um sistema que radica na mesma injustiça, constituindo relações de desigualdade e exploração da qual gera e aprisiona mais-valias: o capitalismo.

A crise financeira tornou ainda mais evidente que o neoliberalismo - actual sistema de legitimação política do capitalismo - falhou na busca de um mundo melhor e, mais importante, viu a sua fundamentação filosófica ruir! Assim, ou inventam rapidamente mentiras novas ou o sistema será no mínimo bastante contestado...

No que dá a prolongada convivência comigo...

Combinei encontrar-me com Z. no Café Pinguim em Espinho. Lá chegados e dado que o café se chamava Café Esquimó, Z. exclama:

- Já viste que estamos no pólo oposto?!

Os novos espaços verdes das cidades

Rotunda Poente do Parque de Feiras, Imagem Live Maps

«A Câmara Municipal de Aveiro (CMA) vai entregar a uma empresa privada a manutenção dos mais importantes jardins e espaços verdes da cidade (...)»

«Os espaços que irão ficar a cargo da empresa privada são o Parque de S. Roque, Jardim do Rossio, Urbanização da Forca Vouga (margens da linha de água), rotundas do Parque de Feiras, Parque Fonte Nova, Cooperativa Chaves (nó central), Vila Jovem, nós Sul da EN 109, Parque da Baixa de Santo António, Jardim do Alboi e Urbanização Poente da Avenida 25 de Abril.»

Um editorial que podia ser um manifesto político

Mas os bons resultados nas sondagens e a desconfiança cada vez maior dos votantes dos grandes partidos colocam o BE num dilema: sabe que o radicalismo crescente é o caminho para a conquista de votos - e esses são os que lhe darão a força política de que precisa. Mas também lhe retira a credibilidade perante os outros partidos, que podem bem vir a precisar dele...

O editorial do Diário de Notícias sobre o Bloco de Esquerda é bastante claro, primeiro pela sua análise, encarando o partido como uma claques de assalto ao poder, onde as ideias são um factor secundário.

Em segundo lugar pela conclusão latente de que o Bloco só serve para alguma coisa caso o PS precise de uma muleta e, descartando ideias, o Bloco o faço em troca de uns lugares! Aí fica o paradoxo: para o director do DN, o Bloco não serve enquanto não for de direita.

A solução é eu não fazer parte da solução

Aveiro: Autocarros falham serviço público
Os transportes públicos em Aveiro já tiveram melhores dias. A concessão é a única solução sugerida pela autarquia

Há algumas ilações a retirar desta notícia. A primeira é que não se pode reconhecer serviço público naqueles que querem que ele o deixe de ser. Em segundo, porque é que aqueles que se auto-rotulam de incompetentes na gestão da coisa pública, no caso concreto da MoveAveiro, e a deixaram chegar a este estado, são precisamente aqueles que apresentam uma solução dita milagrosa, no caso a privatização? Se as suas opções até à data falharam, porque é que é crível que a sua nova opção seja milagrosa? Talvez porque a solução apresentada seja: agora "nós" deixaremos de tomar opções sobre a coisa pública, ela deixará de ser pública, mas continuaremos a financia-la através de uma renda! A solução é os proponentes da solução saírem da esfera da solução... elucidativo...

Circo, o pão fica para depois

Há mais uma iniciativa a somar à extensa lista de actividades imbecis da Junta de Freguesia de Cacia: o concurso Miss e Mister XL, aliás no site da JF está em curso um inquérito sobre esta iniciativa. A JF Cacia tem uma visão muito particular sobre o que é servir o interesse público.