quinta-feira, novembro 30, 2006

Kramer e Cid

No dia 11 deste mês quando me inscrevi no Techonarati reparei que a expressão mais pesquisada no seu motor de buscar era "Michael Richards". Hoje o caso invade em muito a blogosfera portuguesa, também fui atrás. Tata-se do actor que dava vida a Kramer, a minha personagem preferida da série Seinfeld. Todos procuravam o vídeo onde Richards, num espectáculo de stand-up comedy, se passa intempestivamente com um espectador (negro) que o incomoda durante o a actuação. Richards passa bastante tempo a insulta-lo, recorrendo essencialmente a insultos de cariz racista. A audiência indigna-se e vai abandonando a sala.

Seinfeld tinha uma ida agendada ao David Letterman Show e solicitou que Richards entrasse em directo para ter uma oportunidade de se desculpar. Assim foi (vídeo). O incrível é que no início a audiência presente não abandona o riso. Richards a tentar falar a sério e esbarra nos risos de quem quer mais entretenimento. Seinlfeld e depois Richards pedem para que acabem com os risos dado que o caso é sério.

Há uns tempos foi a presença de José Cid no A Revolta dos Pastéis de Nata (vídeo). Continuo sem ter visto a cena contextualizada no resto do programa, mas enquanto Miguel Vale de Almeida discutia o assunto (homossexualidade) seriamente, José Cid arma-se em palhaço. Vejam o deleite do público.

Tanto a Revolta como o David Letterman são programas de entretenimento. É esse o modelo do programa e visivelmente é isso que o público quer. José Cid - muito criticado na altura - e o público de Letterman reagiram exactamente de acordo com os moldes do programa, é aliás isso que lhes dá audiência. Se José Cid pode ser criticado pela sua homofobia, não me parece que tenha estado deslocado do espírito do programa, agiu de acordo com a classe do programa - quer eu goste ou não. A palhaçada e o desrespeito pelos convidados faz mais parte daqueles programas. Podemos critica-lo, mas não dizer que estão desfasados com o programa.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Proposta para virtuosos subsídios virtuais

Fátima Felgueiras em tribunal por ter subsídio-transferido 4 milhões de euros da Câmara para o Futebol Clube de Felgueiras. No Random Precision fizeram as contas e Alberto João transferiu, só em 2006, 78 milhões de euros. A soma nacional deverá ser tenebrosa.

Recomendo que o Estado passe a distribuir o Football Manager por todos os autarcas do país. Garanto que o Estado poupa e que os resultados dos clubes em questão serão melhores, pelo menos virtualmente.

Data do referendo

11 de Fevereiro. Quer isto dizer que quem ainda não está recenseado terá que o fazer até dia 11 de Dezembro.

A SIC deu bastante destaque à primeira fuga de informação de Belém desde que Cavaco é Presidente. A data foi dada a conhecer e publicada antes do anúncio. Terá sido o CDS-PP que durante a tarde enviou um fax aos jornalistas com a antecipação da reacção de Ribeiro e Castro. O fax continha a data...

O homem dos 7 ofícios

José Esteves assumiu finalmente a autoria material do atentado, agora que o caso Camarate prescreveu em Setembro. Afirma que o fez a mando da Administração americana que traficava armas para o Irão e Síria.

Mas quem é este suspeito de longa data, cuja existência folclórica concentrou todos os focos dos media ao longo dos anos, ofuscando a mão que lhe terá passado o cheque?

Fez parte do grupo terrorista CODECO (que para além de assassínios ideológicos como o do Padre Max, ainda se dedicou a "limpar" familiares inconvenientes dos próprios membros do comando), foi segurança de Sá Carneiro e mais tarde de Freitas do Amaral. Como qualquer galã exerceu a profissão de detective privado. Como a vida é curta e há que aproveitar foi segurança na Universidade Moderna, tendo sido chamado como testemunha no famoso caso. O seu nome apareceu também ligado à tomada da Casa do Sino (local de reuniões da Loja Maçónica GLRP) pelos apoiantes do então reitor da Moderna.

Recém convertido ao Islão. Actualmente exerce bruxaria a tempo inteiro sob o nome de Sô Zé (foto). Atende em Lisboa e participou nas Noites Marcianas e no Hérman SIC. Anunciada a sua entrevista revelação que saí hoje, foi detido na segunda-feira por andar a meter caveiras em centros comerciais e à entrada da SIC, e de um envelope escrito em árabe na Lusa.

Portanto a minha questão é muito simples. Como é que um ex-terrorista como José Esteves consegue ser inocentemente contratado para segurança do Primeiro-Ministro (que agora alega ter assassinado), posteriormente de um candidato a Presidente da República e por fim da Universidade Moderna?

Papel da oposição

Qual dos quatro líderes da oposição tem feito melhor papel na oposição ao Governo de José Sócrates? (Sondagem CM)

Francisco Louçã 31,1 %
Marques Mendes 22,4 %
Jerónimo de Sousa 19,6 %
Ribeiro e Castro 4,6 %

Será a conjuntura? Nem poderia ser de outra forma. Marques Mendes apenas pode dizer que queria ser ele e os seus a fazer o mesmo que Sócrates. Cavaco concorda.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Leitura a não perder

A EDP e as inundações

O Presidente da Câmara Municipal de Constância clamou aos ventos uma verdade que rapidamente será esquecida. A gestão das descargas das barragens é somente economicista.

A EDP não divulga os dados das descargas, mas quem os conseguiu obter sabe bem que à noite e ao fim de semana esse caudal é muitas vezes zero! Apenas interessa obter o máximo de energia possível, nem que poucos dias se potencie uma inundação. Confiram as notícias das cheias, em quantas é dito que a barragem excedeu a capacidade de armazenamento e tem as comportas abertas?

sábado, novembro 25, 2006

A sinceridade de Fábio Futre

A sincera entrevista de Fábio Futre [filho de Paulo Futre] à TVI, foi algo assim:
- Também tens nacionalidade espanhola por teres nascido lá.
- Pois, eu sempre disse que era a primeira que viesse, foi Portugal.
- Quer dizer que agora vais jogar sempre pela selecção de Portugal.
- Vamos ver. Depende de como correrem as coisas.

Bem, Manuel Alegre de certo não apresentará nenhum livro do Fábio...

sexta-feira, novembro 24, 2006

Fiscais da Cópula

[publicado no Diário de Aveiro, 24 de Novembro de 2006]


A lei de Procriação Medicamente Assistida (PMA) foi aprovada na Assembleia da República, contando apenas com os votos contra do CDS-PP, de um deputado do MPT eleito nas listas do PSD, e de duas deputadas independentes do PS. Não obstante o alargado consenso estes deputados tentaram impor o referendo sobre a matéria quando a lei já havia obtido a promulgação do Presidente da República Cavaco Silva.

A lei regula técnicas de PMA tais como a doação de espermatozóides, ovócitos e embriões de dadores anónimos. A sua aplicação é exclusiva a casais de sexo diferente, maiores de 18 anos e que estejam casados, ou que vivam em condições análogas às dos cônjuges, há pelo menos dois anos. Tendo algumas discordâncias em relação à sua abrangência, interessa-me discutir e fazer a defesa da aplicação da lei aprovada, com a qual concordo em absoluto.

Sempre que surge alguma questão que cheire a sexo acorrem sempre aqueles que aparentemente querem que o Estado exerça um controlo absoluto sobre os actos e pensamentos dos seus cidadãos, atingindo muitas vezes a total falta de razoabilidade. Foi o caso.

A lei alternativa, dos deputados opositores a esta lei, proibiria inclusivamente a lavagem de esperma. Esta técnica de fertilização assistida permite que um homem, portador de HIV ou do vírus da Hepatite C, tenha filhos saudáveis e sem contaminar a mulher. Esta técnica não implica a criação de embriões humanos em número excedentário, nem o recurso a pessoas fora do casal. Portanto porquê a oposição a esta prática de inseminação artificial de esperma lavado, em caso de doença infecciosa do homem?

O dito referendo teria três questões. A terceira questionaria sobre a maternidade de substituição, o que não faz o mínimo sentido já que a lei aprovada, no seu artigo 8º, também proíbe esta prática.

Porém a questão mais surrealista seria a segunda: “Concorda que a lei permita a geração de um filho sem um pai e uma mãe biológicos, unidos entre si por uma relação estável?” O foco da questão está na pertença dos espermatozóides/ovócitos quando, de acordo com a lei, a geração do filho acontece exclusivamente no ambiente de um casal de sexo diferente que viva maritalmente há pelo menos dois anos. Portanto é uma questão vazia de afectividade. O/a dador(a) anónimo/a não dispõe de direitos paternais/maternais sobre a criança. Contudo o mais grave nesta questão é julgar que o Estado, ou mesmo os cidadãos por referendo, possam obrigar ou deliberar que a maternidade só é própria em relações estáveis. Posteriormente irá o Estado fiscalizar se há procriação natural fora de relações e, mesmo que não as proíba, as condene e inferiorize?

A Conferência Episcopal Portuguesa da Igreja Católica também se pronunciou sobre a lei. Imiscuindo-se na intimidade de todos os casais inférteis classificam o recurso a espermatozóides ou óvulos de dadores anónimos de “infidelidade, ainda que consentida”. Consideraram ainda que “gerar um filho é sempre uma dádiva e não a reivindicação de um direito absoluto”. Sendo a fertilidade uma dádiva serão as pessoas com problemas de fertilidade cidadãos menores, meros proscritos? Por fim exortaram todos os cidadãos a não recorrerem a estas técnicas.

Na discussão da lei de procriação medicamente assistida gostaria de ter visto mais respeito pelas pessoas com problemas de fertilidade, que legitimamente anseiam ter um(a) filho/a, e não o recurso ao insulto, minoração e ostracismo. Ficaram bem patentes as ideias anacrónicas e impositivas de certos sectores da sociedade sobre a maternidade e a paternidade, e sobre quem a pode exercer.

Reuniões e ausências

Quem é que desejamos que nunca falte a uma reunião?
Definitivamente, o secretário.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Big balls

Numa altura em por toda a Europa os partidos socialistas/trabalhistas adoptam a chamada terceira via, oferecendo mais do mesmo: na Holanda, o Partido Socialista (esquerda alternativa) começou com 2 deputados, passou para 9 e agora elegeu 26 tornando-se a terceira força política.

Ganharam os democratas-cristãos (que por lá não tem traumas com a homossexualidade), ficando em segundo o Partido Trabalhista (o PS lá do burgo). O resto dos resultados aqui.

quarta-feira, novembro 22, 2006

O Romantismo de Gainsbourg


Serge Gainsbourg "oferece flores" a Whitney Houston. A cena original foi em directo. O público e os gráficos neste vídeo são de um programa posterior, dos 100 melhores momentos improváveis da tv francesa.

terça-feira, novembro 21, 2006

Spam: ganhei o euromilhões

Your E-mail address attached to ticket number PIA/3 908 321 675-KIO with lucky main Numbers 12, 22 ,32 ,33, 36 Estrellas numbers 2, 6 which consequently won in the 2nd category, €180million was shared among 23 people all over the continents of the world you have therefore been approved for a lump sum pay out of €9.652.339,45

O jogo organizado pela Française des Jeaux envia-me um mail, a partir de um endereço da yahoo Espanha, em inglês mal amanhado. Sem eu nunca o dar; e sem que nunca a SCML o tenha pedido jamais a algum jogador, o meu endereço mail está associado ao boletim premiado.
Vou já ligar ao contacto fornecido para realizar a transferência do dinheiro, e pagar tudo o que me peçam para custos administrativos!

Partenon dos tempos modernos

A Associação de Feirantes quer meter os políticos fora das feiras nas campanhas eleitorais, caso o Governo não ceda às suas reivindicações! "Que vão para os hipermercados fazer campanhas"!

De notar que o jornalismo sério do Correio da Manhã não resistiu a mandar a boca ilustrada "Paulinho das Feiras". Estragaram logo a piada fácil.

Blog lavadinho

Depois de muita preguiça e muito atraso, está [quase] feito. Acabei por fazer o template sem ajuda... alguém perdeu um jantar!

O olho no favicon e o desenho no cabeçalho foram gentil e habilmente feitos pela Ana Rita. Podem ver mais dos seus excelentes desenhos no Ver Para Querer (nos destaques). Obrigado!

Caso vejam a página com problemas avisem. No Internet Explorer são privados do favicon. Mas se este for o vosso caso, de que esperam para mudar para o Firefox?

Cores à decorador de interiores

Aparentemente tenho andado afastado deste espaço!
Nesta ausência descobri que não é preciso ter vocação para decorador de interiores para escolher uma boa combinação de cores. Há sites que o fazem por nós! Aqui ficam dois [1, 2], curiosamente um apenas é visível em Firefox e outro em Internet Explorer.

Usam o Internet Explorer? Se sim já experimentaram o Firefox 2.0? As respostas a estas perguntas provavelmente também estão emparelhadas...

sexta-feira, novembro 17, 2006

A conspiração cósmica continua

aqui havia relatado a minha quarta épica tentativa de ir ver o Volver! Hoje finalmente nada parecia correr mal. ia sair atempadamente de casa.

Ponderados todos os imponderáveis saio de casa... e encontro o carro com um furo! Já perdi a conta às tentativas! Começa-me a parecer uma impossibilidade física ver tal filme!

O monstro precisa de amigos

[publicado no Diário de Aveiro, 17 de Novembro de 2006]


Se o monstro precisa de amigos, o Governo precisa de inimigos. Apresentadas medidas extremamente injustas e impopulares, como a imposição das taxas moderadoras nas cirurgias e internamentos, e uma vez que a sua justificação nunca poderá ser convincente, o Governo vê-se na necessidade de passar rapidamente ao ponto seguinte.

Assim, no momento em que o Serviço Nacional de Saúde é desmantelado pelo fecho de urgências hospitalares, maternidades, SAP’s, e em que o princípio da gratuitidade é posto em causa pelas referidas taxas, o que discutimos? Quando o grupo de cidadãos portadores de deficiência vê os seus benefícios fiscais decrescerem vertiginosamente o que se discute?

Esquecido o presente debate-se, como se já estivesse feito, o que o Governo anunciou que iria fazer: acabar com os benefícios fiscais abusivos da banca. Actualmente são concedidas à banca várias excepções no pagamento de impostos. Ao passo que as demais empresas pagam 25% de IRC, a banca paga em termos reais 15%. Uma falha na lei, corrigida já neste orçamento, permitia à banca comprar imóveis sem necessitar de proceder ao pagamento de IMI.

Não está em causa se a banca deve pagar mais impostos, mas sim que pague aqueles que todos os restantes contribuintes já pagam de acordo com a lei. As medidas são portanto de elementar justiça e só pecam por tardias.

Contudo a forma como o Governo conduziu este processo denota uma necessidade de criar um inimigo. Insistentes declarações provocatórias em busca da cólera da banca. O guião cumpriu-se. Sem uma única medida, apenas com o seu anúncio para o longínquo 2008 (e já sabemos como são as promessas), dá-se a aparência que os sacrifícios são para todos, que o Governo afronta o injusto regime de excepção da banca. Pura ilusão.

Na mesma temática não posso deixar de registar as toneladas de papel e as horas de televisão derretidas por liberais em defesa da banca e contra a regulamentação estatal. Ora, dizem estes senhores, onde se incluem os representantes da banca do Compromisso Portugal, que o mercado precisa de funcionar e que, qual Messias, tudo resolverá.

Acontece que é a própria banca a adoptar uma postura corporativista no seu sector. Nos contratos de concessão de crédito que elaboram incluem uma cláusula do pagamento de 5% do montante, caso o cliente queira mudar para outro banco que lhe ofereça melhores condições.

Assim a concorrência não existe, já que o cliente se vê impossibilitado de mudar sob pena de se endividar ainda mais. Dito nas palavras dos liberais de serviço: assim não se deixa o mercado funcionar.

Podemos legitimamente questionar-nos o que leva estes fervorosos defensores do mercado livre a, eles próprios inquinar essa liberdade. A resposta é bem clara: apenas querem o que é bom para as suas empresas. Nada os move para a construção de uma sociedade mais justa, e o mercado não é visto como uma estrutura que beneficiaria, pela livre concorrência e circulação, toda a sociedade, incluindo os seus clientes. Apenas o vêem como o seu salvador pessoal.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Disse infidelidade!?

Hoje a Conferência Episcopal Portuguesa da Igreja Católica decretou que o recurso a espermatozóides de pessoas estranhas ao casal com vista a reprodução medicamente assistida é infidelidade. Como tal, pretendem que as pessoas não recorram a este método.

Crítica de cinema

Já existem críticas à exibição de ontem:

::Sandro Precário, boxeur, part-time eterno...

Não resisto a falar aqui do que acabei mesmo agora de fazer: vi - mais uma vez graças ao Nelson (és um ganda chato, mas obrigada!) - o
Evangelho Segundo Precário de Stefano Obino. Na minha mais que humilde opinião, um filme muuuuito bom, que fala de uma forma muito original do que infelizmente é realidade, que fala do que é ser trabalhador, jovem, italiano e precário. Angustiou-me... porque será?:s

No Caminho para a Lua, quanto a mim o blog com melhor grafismo de toda a internet.

Quem é que não percebeu!?


A avaliar pelas suas declarações, livros e entrevistas, o problema não foi a sua má governação/ideias. O problema nem sequer foi terem uma boa governação/ideias, mas na qual os eleitores não se reviram. Não. O problema é mesmo o povo - esse ingrato - não ter percebido.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Ide e espalhai a palavra

É hoje o dia de exibição do Evangelho Segundo Precário. Para ver a sinopse e mais pormenores clicar para aumentar a imagem. Deixo aqui algumas notas em registo FAQ:

Como foi o filme financiado?
Começaram a ser vendidos, no site, DVDs a 10 € ainda antes do início do filme começar a ser rodado. Entretanto a obra despertou o interesse de algumas organizações e sindicatos que ajudaram no financiamento.

Como foi escrito o argumento?
No mesmo site foi feito o apelo para que fossem partilhadas histórias verdadeiras de precariedade. Dessas histórias deixadas por verdadeiros trabalhadores precários foi construído um argumento bastante mordaz e satírico.

Quem é o realizador?
Stefano Obino. Veio de Milão para participar na Marcha pelo Emprego. Stefano também foi um precário em tempos, uma entrevista pode ser encontrada aqui [ide lá se querem saber alguma coisa, aqui não se aprende nada].

Deve ter ficado encantado com Portugal: não bastava ter-me à sua espera à chegada ao aeroporto e ainda teve que gramar comigo o fim-de-semana todo! Para a memória colectiva da Humanidade fica a partida de futebol em plena areia do pinhal (que mais parece um pó de amarelo intenso que se agarra à roupa). A mim, é claro mandaram-me ao chão várias vezes, para além de me chamarem fuço [tradução: intérprete de futebol de elevada beleza estética]! Tentei aproveitar um arranhão com que fiquei na mão numa dessas quedas para passar a minha vez de ir à baliza mas não foram nessa. Quanto ao Stefano, que não resistiu à bola safou-se bastante bem, e sem ir ao chão!

terça-feira, novembro 14, 2006

A minha melhor frase de hoje

Os panfletos estão a acabar! Não dá para todos! Vamos começar a distribui-los só a raparigas!

segunda-feira, novembro 13, 2006

Evangelho Segundo Precario


Site do filme [link]
Entrevista ao realizador Stefano Obino [link]
Quarta-feira no Mercado Negro [clicar na imagem para aumentar]
Não faltes... até eu que já o vi vou!!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Palestinianos, israelitas e vaticanenses unidos

Para quem julgou que este momento nunca chegasse, aqui o temos! Hoje ocorre um festival gay em Jerusalém. Temem-se atentados e manifestações de violência [algumas já ocorridas nos dias anteriores] quer por parte de judeus quer de muçulmanos. O Vaticano também não quis ficar de fora: condenou o desfile e pediu às autoridades para o impedirem.

As três religiões monoteístas unidas na perseguição e culpabilização ao ser humano... ou então, quem as lidera sofre de uma enorme insegurança sexual.

Verdade ou Mentira!?

[publicado no Diário de Aveiro, 10 de Novembro de 2006]



Luther Blissett não é recordado na história do futebol. Contratado em 1983 pelo Milão AC, as suas prestações foram tão más que volvido um ano foi devolvido – com prejuízo – ao clube de origem, o Watford. Ao que parece terá sido confundido pelos olheiros milaneses com o colega de equipa John Barnes (ambos de origem jamaicana). O sucesso de Barnes é irrefutavelmente superior, tendo vindo a fazer parte de uma equipa mítica do Liverpool FC.

Luther Blissett foi o primeiro negro a jogar na selecção inglesa e dos poucos a jogar na liga italiana pelo que tinha vida difícil nos relvados, constantemente apupado e insultado por adeptos de extrema-direita.

Longe dos relvados e de Luther Blissett surge o projecto com o seu nome. Deconstruída a identidade individual todos podemos ser Luther Blissett, basta adoptar o nome. Foi o que fez uma comunidade aberta que começou com quatro activistas e que se estendeu a centenas na Europa.

Luther Blisset combate a indústria informativa através da sua produção artística, pela organização de campanhas heterodoxas de solidariedade com os oprimidos e pela fabricação de mentiras para os media. No final a responsabilidade é sempre reivindicada e as falhas da indústria que permitiram a implementação da história falsa são explicitadas.

As suas histórias reproduzidas nos media são imensas deixo apenas uns exemplos. Harry Kipper, um artista conceptual britânico, desaparece nas montanhas do norte de Itália ao tentar traçar as letras ATR no mapa continental… de bicicleta. A televisão estatal italiana bem o procurou, chegou a ir a Londres falar com os seus amigos. Mas uma pessoa que não existe e que nunca existiu é difícil de encontrar. Luther Blissett assumiu a responsabilidade.

Durante um ano os media locais e nacionais dão conta de actos satânicos numa pequena cidade italiana. Políticos aproveitaram o pânico para se mostrarem. Ao fim de um ano Luther Blissett declara-se responsável fornecendo imensas provas – que sempre estiveram disponíveis – disso mesmo.

Uma chimpanzé abusada pela indústria farmacêutica e libertada por um grupo de defesa dos animais tornou-se numa talentosa artista que ia expor as suas cuecas na Bienal de Arte de Veneza.

Podemos ainda ver as imagens de Marko Maver, um artista sérvio anti-regime, morto num bombardeamento da NATO à prisão onde se encontrava.

Quer seja pelo fetiche do sensacionalismo, pela não confirmação de fontes ou por uma miríade de outros factores os meios de comunicação mentem. Este projecto visava a denúncia e a ridicularização dessa conduta.

Actualmente vamos conhecendo a realidade praticamente apenas pelo ecrã de televisão. O que figura ali é absoluto, completo, objectivo, verdadeiro, autêntico e real. É a realidade mais tangível que os cabelos que afagamos. E é com base neste conhecimento da realidade que a analisamos e nos definimos. É portanto essencial que a sociedade esteja ciente da verdadeira dimensão da informação que nos inunda.

Voltando por breves momentos à realidade da actualidade que me motivou para este escrito: na revista Fortune apareceu uma reportagem, paga, de 10 páginas onde Sócrates é retratado como o salvador da pátria e onde Cavaco é mero observador das suas reformas. Se é certo que o Estado a pagou, ainda ninguém sabe ao certo quem a pagou.

Marques Mendes queixou-se da excessiva propaganda governamental na RTP. Porventura uma acusação válida, dada a suavidade com que Sócrates é tratado nesta estação comparativamente com as restante. Contudo o alvo de Marques Mendes foi exclusivamente a ausência de alguém do seu partido no Prós e Contras. Claramente não está preocupado com a equidade nos media, apenas terá saudades de outros tempo. Sobre a situação dos media na Madeira: nem uma palavra!

Voltemos a outro projecto. Os Yes Men praticam a correcção de identidade que definem como “pessoas honestas que se fazem passar por grandes criminosos de forma a os humilhar publicamente. O alvo são lideres e grande empresas que colocam o lucro à frente de tudo o resto”.

Os Yes Men já foram várias vezes tomados por outras pessoas e convidados para conferências e entrevistas. Da sua actividade destaco a entrevista em directo à BBC de um suposto executivo da empresa que comprou a Union Carbide Índia. Esta empresa é responsável por um acidente industrial de 1984 em Bhopal (Índia) onde foram libertadas 40 toneladas de químicos que provocaram a morte a 20 mil pessoas. O local nunca foi limpo e a população não foi ajudada e continua a sofrer da contaminação tóxica que ainda se regista no local.

O suposto executivo anunciou que iam proceder à limpeza do local e iriam compensar as vítimas. As acções da Dow desceram 4,2% em 23 minutos perdendo 2 biliões de dólares no seu valor de mercado.

Para finalizar apresento-vos Serpica Naro, uma estilista anglo-japonesa que iria apresentar as suas roupas num desfile na Semana da Moda de Milão. A jovem desdobrou-se em inúmeras entrevistas e comunicados através da Internet. Apenas na hora do seu desfile é que os media e a indústria descobriram que não existe.

Serpica Naro é um anagrama de San Precario, o símbolo da classe laboral precária e dos protestos que decorrem em Itália contra a sua exploração.

Abordado San Precário posso dizer que na próxima quarta-feira, no Mercado Negro, será exibido o filme “Evangelho Segundo Precario”. Mas será que depois de tanta mentira neste artigo, esta informação será de confiar? Quarta-feira podem descobrir.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Descubra as diferenças...


... na próxima sexta-feira [até já faço marketing dos meus artigos no Diário de Aveiro, mas poucos dão o prazer deste a escrever].

quarta-feira, novembro 08, 2006

1, 2, 3 ora diga lá outra vez


Se a coerência existir, estes tipos da JSD Lisboa nunca votaram, não votam, nem nunca votarão no PSD. E certamente nunca ouviram falar de um tal de Bagão Félix e do seu Código!
Se depois do cartaz ainda vos restar dúvidas ide ao site e vide as propostas [pdf].

segunda-feira, novembro 06, 2006

Como é que está o tempo por aí?

É só impressão minha ou os noticiários transformaram-se em boletins metereológicos gigantescos?

O adultério e a culpa

A história reza assim: a esposa de indivíduo comunica-he que mantem uma relação extra-conjugada. Ao saber disto, seguiu a mulher até ao apartamento do amante. Daí continuou a perseguição até um restaurante. Carregou a caçadeira [também tinha um canivete e um punhal]. Entrou no restaurante de caçadeira em punho e, apesar dos apelos, disparou à queima-roupa matando o amante.

O Tribunal de Estarreja condenou o indivíduo a 17 anos de prisão.

No recurso, o Tribunal da Relação do Porto retirou 5 anos à pena evocando o adultério da esposa como atenuante. Em que medida o facto do morto ser amante relativiza a sua morte? Torna-o menos morto? Torna a sua existência indigna e logo a sua morte irrelevante? Terá o juiz tido vontade de culpar a mulher e a colocar na prisão mas não tinha mecanismos legais para tal?

Carta fora do baralho

É assim que se cria um Iraque defendor dos direitos humanos? Mostrando a pena de morte como a medida mais exemplar da nova justiça iraquiana?

É assim que se contrói um Iraque sem fundamentalismos religiosos? Colocando o binómio culpa-castigo, versão dente por dente, na própria legislação?

Não coloco minimamente em dúvida estes ou outros crimes contra a humanidade cometidos por Saddam. contudo estes julgamentos estão apenas reservados aos vencidos [sobre o relativismo histórico já escrevi aqui]. Porque não foi Donald Rumsfeld ouvido em tribunal, já que foi o elemento da Administração Reagen responsável pela dávida das armas usadas nestes massacres. [Sobre a guerra do Iraque escrevi aqui].

Bush que regozija com esta decisão afirmou que Saddam "teve que ouvir iraquianos livres contarem os actos de tortura". Curiosas declarações de quem aboliu o habeas corpus e autoriza a tortura sobre os prisioneiros das forças americanas.

domingo, novembro 05, 2006

TV propaganda

O PSD acusa a RTP de ser palco de propaganda do Governo e vai mesmo apresentar queixa na Alta Autoridade para a Comunicação Social! Tudo porque não foi convidado ninguém do PSD para o próximo prós e contras!

A acusação válida parece assim ser uma birrinha pelo convite! A acusação legítima parece ser apenas uma preocupação com o tempo de antena para o PSD. Marques Mendes bem que podia ir lendo o blog do Pacheco Pereira sempre ia encontrando os muitos "momentos Chevéz" de Sócrates na RTP que por lá vão sendo denúnciados.

Agora que Marques Mendes se preocupou com a orquestração da comunicação social estatal será apenas uma questão de tempo para denunciar e apresentar queixa sobre a situação gravissima que se passa na Madeira, não?

Top de vendas

O albúm da Floribella já é nove vezes platina.

Imaginam só se ela soubesse cantar!

sexta-feira, novembro 03, 2006

A ideia que falta

[publicado no Diário de Aveiro, 3 de Novembro de 2006]


O actual executivo camarário está em funções há cerca de um ano. Por esse motivo o Presidente da Câmara Municipal, deu uma extensa entrevista neste mesmo jornal na última sexta-feira. Questionado sobre o futuro das empresas municipais Estádio Municipal de Aveiro e MoveAveiro, Élio Maia responde “Vamos ver. São casos que estamos a estudar, a analisar e a ponderar.”

Durante a campanha, à falta de programa eleitoral, elementos da candidatura PSD/CDS-PP anunciavam que iriam estudar a questão das empresas municipais, já que eventualmente se justificariam fusões e/ou extinções.

Passado um ano onde estamos? Exactamente no mesmo ponto: o executivo não sabe o que lhes fazer, mas rapidamente nomeou novos administradores para as mesmas. Claro que esse é um imperativo legal, mas apenas porque existem. Fica por saber se quando ocorrerem as tais alterações – se é que vão ocorrer – como se processarão as indemnizações para os administradores entretanto nomeados por este executivo.

Antes de mais, a própria existência das empresas municipais tem de ser justificada. Os serviços que fornecem já eram efectuados pela própria edilidade sem os custos adicionais inerentes à constituição destas empresas, nomeadamente a nível de administração. Aquando da nomeação destes administradores o Bloco de Esquerda questionou quais seriam as suas competências e funções. A resposta ficou em branco. Se não nos é dito qual o trabalho que vão executar como podemos ajuizar a sua necessidade?

Outra questão que se arrasta é a das auditorias. Com uma auditoria da Inspecção-Geral das Finanças em curso adjudicou-se por 150 mil euros outra auditoria a uma empresa privada, justificada com o imperativo de saber quanto antes a situação financeira da Câmara. A auditoria da IGF já forneceu o relatório preliminar, ao passo que da privada ainda nada se sabe. Tal como sugerimos na altura, teria sido mais proveitoso a auditoria pública e, finda esta, encomendar uma auditoria privada a pontos específicos que se julgassem úteis.

É verdade que o passivo é uma enorme contrariedade na gestão do município, contudo não pode ser usado como justificativa para toda a inacção da Câmara. Há uma imensidão de obra e planeamento que não depende de financiamento mas de ideias. Um exemplo é exactamente a reestruturação das empresas municipais que permitirá optimizar e rentabilizar os recursos existentes.

Podemos esmiuçar o conteúdo do orçamento, do plano de actividades e de outros documentos e declarações produzidas pelo executivo, mas apenas encontramos uma banal lista de compras de supermercado. Números sem rumo.

Em nenhum documento, em nenhuma entrevista, em nenhuma declaração vislumbramos uma orientação estratégica para o município. O executivo camarário limita-se a existir, a fazer a gestão do dia-a-dia. Quanto à ideia para Aveiro vamos ver, estudar, analisar e ponderar, pode ser que entretanto surja alguma coisa.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Auto-flagelação

O juiz Baltasar Gárzon ordenou hoje buscas à sede do Banco Espírito Santo. A produtividade deste juiz deve ser algo impressionante! Em Portugal o sistema funciona tão bem que nem é preciso a iniciativa surgir do Ministério Público.

Basta ver que o BES, de forma quase automática, denunciou os 115 depósitos em dinheiro, num total de 1 milhão de euros, que Abel Pinheiro - à data tesoureiro do CDS-PP - efectuou numa conta do seu partido nos últimos dias de Dezembro 2004 (quando o Governo de Santana Lopes continuava em funções mas dissolvido pelo PR).

Foi esta denúncia que perimitiu à PJ descobrir o caso Portucale (e outros), no qual foram indiciados por tráfico de influências empresas e gestores do próprio BES.