quarta-feira, novembro 25, 2009

À ganância

9,7 mil milhões de euros foi a quantia desviada do BPN. Resta saber quanto deste dinheiro será devolvido, mesmo depois das acusações e eventuais condenações. A melhor forma de assaltar um banco é mesmo de colarinho branco...

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domingo, novembro 22, 2009

"Antes da dívida temos direitos"



O Portugal empreendedor é feito de "empresários" à força, privados de alguns dos mais elementares direitos laborais, vendo-se ainda a braços com uma dívida à segurança social. Dívida essa que corresponde à exteriorização das obrigações sociais por parte da empresa empregadora, muitas vezes e vergonhosamente o Estado. Para ler e assinar a petição para exigir os direitos dos trabalhadores a recibos verdes relativamente à Segurança Social é ir aqui.

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segunda-feira, novembro 16, 2009

A indigência é um nicho de mercado pouco explorado




O valor da alimentação está sujeito a especuladores privados, fazendo com que o seu preço não esteja relacionado com a sua necessidade social social mas sim com o proveito económico de meia-dúzia à custa da fome de milhões. Porém, a FA não vê qualquer problema na especulação

As empresas privadas exploram com apoios públicos e impunidade a capacidade agrícola de países em vias de desenvolvimento para gerar mais-valias através da exportação agrícola para o norte, não gerando nesses países qualquer ganho social ou qualquer contribuição para a sustentabilidade alimentar da região (bem pelo contrário).

As empresas privadas tem gerado fortunas através da monopolização que tem gerado na produção agrícola com a perda de espécies/variedades, a patente sobre novas variedades e seus produtos químicos específicos.

Contudo, para o director da FAO os "privados" não tem que contribuir para a resolução de nenhum deste e de outros problemas que causam e de que beneficiam, como ainda devem beneficiar do lucro potencial que a pobreza actual lhes pode conferir. É esta a solução preconizada por Jacques Diouf e a FAO.

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O comunista legalista


Filipe Guerra considera, «no que toca ao negócio dos terrenos, que ou se encontram irregularidades jurídicas no negócio, ou então tudo o que se tem falado não passa de “fogo de artifício”».

Temos de facto opiniões diferentes sobre o negócio madrugador das piscinas, como se pode perceber pelo que tenho escrito por aqui. Contudo, mais desconcertante que a posição do Filipe é a sua fundamentação.

Flipe Guerra considera, publicamente já pela segunda vez, que a única questão digna de crítica no negócio será a sua legalidade ou ilegalidade. Não entremos por ora na questão legal. É no mínimo estranho esta posição vinda de um comunista. Primeiro, porque a lei é a imposição à sociedade do sistema vigente. É exactamente pelo facto da lei não ser neutra e ser a expressão da leitura ideológica da sociedade que leva o Bloco de Esquerda e PCP a apresentam leis e alterações legislativas noutro sentido.

Chegamos assim ao segundo ponto: em Portugal, o enriquecimento ilícito ainda não é crime. Estamos portanto perante um quadro legal recuado no que respeita ao combate à corrupção.

Em terceiro, e contrariamente às fantasias neoliberais, os eleitos não são meros gestores mas sim políticos. Cabe-lhes aplicar as escolhas sobre o nosso modelo de organização em sociedade. Se discordamos dessas escolhas cabe-nos a proposta alternativa e a crítica.

Posto isto, e de acordo com o argumento legalista, a privatização da EDP, da Galp e demais serviços públicos seria inatacável já que é conforme a lei. O capitalismo nada mais é que roubo legalizado pelo que nada é mais inútil que um comunista legalista.

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sexta-feira, novembro 13, 2009

Políticas A++++

Publicado no Ecoblogue

Recentemente, José Sócrates assegurou perante jovens de 15 países que Portugal estava na linha da frente nas energia renováveis, fruto de uma escolha política de descarbonizar a economia portuguesa. Era esta a estratégia, acrescentando que não havia nada pior que um país sem estratégia.

No entanto, estas palavras não batem certo nem com a prática política, nem com os seus resultados. Há duas semanas, o Ministério do Ambiente, através do Fundo Português de Carbono comprou créditos de carbono no valor de quatro milhões de toneladas de Dióxido de Carbono à Letónia. Portugal pode assim poluir acima das metas originalmente estabelecidas em Quioto para gases de estufa, demonstrando-se incapaz de reduzir as suas emissões de gases de estufa devido a opções políticas erradas. Da propalada estratégia de descarbonizar passamos ao investimento na economia de carbono, onde já gastamos 115 milhões de euros.

Portugal aderiu assim ao perverso mecanismo do comércio de emissões. Em que um país ou empresa que reduz as suas emissões pode vender as suas licenças para que outro país ou empresa possa poluir acima dos limites. Tudo se mantém igual, não se gera uma mais-valia ambiental ou de qualidade de vida para a sociedade, mas unicamente um ganho económico para os dois países ou empresas.

A energia continua a ser um ponto da agenda e esta semana já há uma outra história, relacionada com a eficiência energética dos electrodomésticos. O Governo Português aliou-se à Itália, Polónia e Eslovénia para criar os escalões A+++ e A++++, deixando ainda em aberto a criação de mais escalões A. Na prática, numa escala de A a G todos os electrodomésticos passariam a estar classificados em subescalões A. É esta a seriedade que merece a informação ao consumidor e a redução da factura energética para o nosso governo.

É fácil concluir que as palavras de Sócrates não são exactas: pior que um país sem estratégia, só um país com a estratégia errada...

Entretanto, nas vésperas da Cimeira do Clima, o Parlamento Europeu fez já a sua declaração de intenções: com o voto contra do GUE/NGL, aprovou a atribuição gratuita de emissões de CO2 para alguns sectores industriais, isto caso não seja alcançado um novo acordo internacional em Copenhaga. O objectivo declarado por este Parlamento que prepara o fracasso de Copenhaga é, pasme-se, evitar a deslocalização destas empresas para países com menos “consciência ambiental”.

Na Europa e em Portugal não bastam palavras bonitas. É necessária uma prática política comprometida com uma mudança estrutural na forma como produzimos e consumimos energia. É indispensável uma aposta consequente nas energias renováveis, na sua eficiência, descentralização e na diversidade da sua produção. É fundamental uma aposta de fundo nos transportes públicos e na sua estruturação em rede. Em suma, é necessário repensar o modelo económico e as suas necessidades energéticas, de forma a garantir a sustentabilidade social e ambiental.

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segunda-feira, novembro 09, 2009

O muro que impedia fugas para a zona murada


Há vinte anos caiu o Muro de Berlim. Não tenho qualquer memória vivida do acontecimento e só comecei a pensar a política vários anos após a queda, mas sem dúvida que este é um momento definitivo e definidor para a esquerda. A prazo, a queda do "socialismo real" obrigou toda a esquerda a repensar-se e a redefinir-se, mesmo a que preferiu permanecer naquelas décadas. A reflexão de uma experiência que não foi ao encontro da força social que serve e de que necessita só nos pode ajudar a desenhar os caminhos que enquanto sociedade desejamos. Porém, ainda hoje, toda a esquerda - mesmo a historicamente crítica da experiência - paga a factura de uma experiência totalitária comummente identificada como socialista.

Como por várias vezes já disse, a democracia é a mais revolucionária de todas as ideias. Não somos obrigados a tolerar uma escolha entre um regime sem liberdades individuais e um regime sem direitos sociais. O socialismo só é possível como uma construção democrática, plena de direitos sociais e de todas as liberdades individuais. O socialismo só pode ser uma experiência partilhada e desejada pela sociedade. É essa a minha escolha, não (só) por ser a possível, mas por ser a desejável.

Com a queda e a hegemonia de uma só potência, o capitalismo pôde definitivamente soltar as garras. A social-democracia deixou de ser necessária e ficamos com um planeta sem limites para a desigualdade, e a transição das antigas repúblicas soviéticas para o capitalismo é o retrato perfeito disso. Os recursos naturais e serviços, então públicos, permitiram riquezas infindáveis a meia dúzia de gansgters, sem qualquer ganho para a sociedade ou sequer uma indemnização que se visse.

O esquerda.net dispõe de um extenso dossier sobre a queda do Muro de Berlim, de onde destaco esta análise de Mário Tomé.

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sexta-feira, novembro 06, 2009

Os primos só nos pregam partidas