quarta-feira, fevereiro 24, 2010

A nova prioridade de Durão Barroso

Publicado no esquerda.net


De acordo com a imprensa francesa, o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, quer muito rapidamente concretizar um desígnio antigo: reforçar o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGM) na União Europeia.

No primeiro mandado do antigo primeiro-ministro português, este objectivo foi refreado pelo então Comissário para o Ambiente, o grego Stavros Dimas, que se opunha a estes cultivos. Agora, com a saída de Dimas a tarefa parece facilitada.

A renovação da autorização do milho MON810 da Monsanto, o único OGM actualmente cultivado na União, e a introdução do cultivo da batata Amflora da BASF são as prioridades apontadas por Durão Barroso.

O impacto dos OGM's na saúde humana e animal a longo prazo são ainda bastante desconhecidos, pelo que deveria imperar o princípio da precaução. Contudo, é sabido que alguns destes organismos poderão causar problemas alérgicos e acumular toxinas acima dos níveis normais.

Em termos ambientais, o impacto dos OGM's é por demais evidente, com a ameaça à biodiversidade, a contaminação genética de outras variedades e a possível redução da produtividade agrícola destas. Para mais, o raio de acção destes efeitos não se constrange à zona de cultivo de OGM's, o que não só dilata o seu impacto como atenta contra os direitos dos cidadãos que optam por manter e declarar as suas zonas livres de transgénicos.

A contínua opção pela uniformização genética das sementes pode ainda, numa situação ecológica ou climática diversa, reduzir drasticamente as colheitas com consequências sociais e de segurança alimentar graves.

A decisão tem ainda implicações económicas profundas. A autorização do cultivo permite ganhos extraordinários devido às patentes das sementes (a BASF, por exemplo, conta arrecadar 30 a 40 milhões de euros pela sua batata). Porém, a panaceia da produtividade imediata deixa a Europa e os seus povos reféns dos custos e das restrições destes direitos de propriedade. A monopolização da produção alimentar estende-se ainda às áreas associadas, nomeadamente a fertilizantes, pesticidas e outras produtos químicos que passam a ser adaptados à especificidade genética da variedade em causa, sendo também patenteados.

Um dos argumentos mais utilizados em defesa deste tipo de cultivo é a sua contribuição no combate à fome no mundo. Porém se o ganho de produtividade é já de si questionável, não será certamente o pagamento de dividendos que combate o problema, mas sim a redefinição de prioridades produtivas e do acesso à produção bem como, num sentido mais lato, a redistribuição da riqueza.

A pressão das grandes multinacionais do sector, como a Monsanto, sobre os grandes produtores e consumidores alimentares tem-se intensificado. Ainda este mês a Índia, o maior produtor mundial de beringelas com 4 mil variedades diferentes, rejeitou a introdução de uma beringela geneticamente modificada (a BT brinjal) depois de intensos protestos populares.

Também na Europa, a opinião pública e a sua influência são o grande obstáculo à introdução de OGM's. Seis estados-membros, onde se incluem Alemanha e França, não permitem o cultivo do MON810, e onze estados-membros solicitaram a interdição de todos os cultivos geneticamente modificadas. Se não podemos contar com Durão Barroso para a tarefa, contamos com os cidadãos e a sua força para proteger o interesse social na produção alimentar.

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segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Tem dias

E eis que depois da Câmara Municipal de Aveiro mandar demolir os dois pisos ilegais de um prédio em construção, afinal parece que já não é bem assim e podem permanecer os dois pisos a mais.

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domingo, fevereiro 21, 2010

Imperdível

A ver, as reportagens da manifestação contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo: TVI, SIC.

Já agora, tenho actualizado bastante mais rápido o facebook que o blogue: ailusaodavisao[at]gmail[ponto]pt

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sábado, fevereiro 20, 2010

Tudo aquilo que sempre quisemos. Ou será que não?


(via Bugflux)


E a recordar: EPIC 2014.

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domingo, fevereiro 14, 2010

Os deputados com medo do Papão


Os deputados do PSD eleitos por Aveiro dizem que o Orçamento de Estado "merecia um voto contra". Dizem, e bem, que este orçamento não corrige a "o desastre da governação dos últimos cinco anos" concretizando: "em que Portugal mais uma vez divergiu da Europa, perdeu competitividade, aumentou as desigualdades sociais e as assimetrias regionais, em que o País ficou mais pobre”.

Os deputados concretizam mesmo que este orçamento "irá aumentar a despesa corrente e a dívida pública e que as medidas de apoio às PME e as de promoção ao investimento e às exportações são insuficientes".

Dizem contudo que acompanham, “de forma consciente e responsável”, o sentido de voto de abstenção do PSD pelo “interesse nacional e das muitas ameaças que pairam sobre Portugal e que se avolumariam com a rejeição do Orçamento do Estado para 2010, com consequências negativas para todos os Portugueses”.

O Orçamento de Estado é a política das políticas, não é coisa pouca, é a estruturação económica e política do país, neste caso para 2010 com evidente impacto nos anos e décadas seguintes.

Estes deputados com a sua abstenção viabilizaram um Orçamento que, e aí concordamos, piora a vida dos portugueses. E se estes deputados concretizam os pontos específicos em que a vida de (quase) todos nós fica mais difícil, quando chegam à parte de justificarem porque não votaram contra como achavam que deviam ter feito, soltam um vago "ameaças que pairam sobre Portugal". Ficamos sem saber que ameaças são essas, sabemos contudo que essa eventual chantagem resultou na alteração do voto destes representantes do povo. Ficamos também sem saber como poderão essas ameaças piorar a vida dos portugueses mais que este orçamento que dizem, e bem, aumenta a desigualdade social e o empobrecimento do país.

Passamos assim a saber que não podemos contar com os deputados do PSD eleitos por Aveiro para votar de acordo com a sua conciência, e pior, que não podemos contar com o seu voto para diminuir as desigualdade sociais e o empobrecimento do país.

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domingo, fevereiro 07, 2010

É aplicar-lhe a navalha de Occam


Leitura de fim de semana: a transcrição das escutas sobre o plano de domínio da comuncação social. O retrato do país que temos ou o azar de escutar mentirosos compulsivos...

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E desde que aí está ainda não resolveram a situação


Em Abril de 2009 confrontei o Vereador da Educação com as condições do jardim de infância de Azurva, cujo tecto estava a cair. Para impedir o desabamento, a CMA tinha colocado aí barrotes metálicos provisórios.

O Vereador Pedro Ferreira prontamente indignado, sustentando "O senhor deputado tem que se informar antes de vir para aqui mandar umas bocas", garantindo que a autarquia teve uma pronta intervenção e que as obras de fundo só se poderiam fazer durante o Verão. O Vereador acabou a sua intervenção afiançando: "E desde que aqui estou, não admito que inventem coisinhas, demagogias sobre a educação".

Ora, uma intervenção tão veemente deveria ser garantia de que tudo estava e estaria resolvido com a maior das disponibilidades da autarquia. Acontece que passou o Verão, o Outono e o Inverno e as obras ainda nem arrancaram. A única alteração à situação foi o encerramento do jardim de infância, passando as crianças para uns contentores provisórios instalados no recreio da escola de primeiro ciclo de Azurva. Acontece que nem os contentores reuniam condições de segurança, foram encerrados e as crianças passaram para as instalações da escola já sobrelotada.

Eis o poder que não tolera a crítica e que não responde aos problemas da população.

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terça-feira, fevereiro 02, 2010

A corte

Adoro a classe dirigente que julga que o país é a sua coutada, que retrata o exercício da governação como um constante tráfico de influências e que em actos de regional parolismo se gaba disso não se apercebendo do ridículo em que cai e do grave retrato do poder que traça.

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segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Para quê justiça social se podemos ter mais um produto financeiro?

Com as contradições da crise financeira a agudizarem o confronto social, os líderes mundiais eram só sorrisos e promessas de meter mão nos desmandos do mercado. As consequências da crise continuam aí, mas como julgam que o conflito social acalmou, já voltam a rejeitar a Taxa Tobin em prol da criação de um novo mercado: seguros que cubram as crises e as grandes falências.

A economia vai-se desenhando em formato de bola de neve.

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