domingo, julho 30, 2006
Festa do PSD - Madeira
"Quem fez a revolução foram os madeirenses e não aqueles maricas que agora se chamam de antifascistas."
"Há muita gente de calças na mão e de cu virado para Lisboa. Há muita gente de calças na mão e de cu virado para Lisboa." (sim, repetiu para garantir, segundo disse, que não se estava a enganar)
O Jornal Público erróneamente referiu que Tony Carreira era o cabeça de cartaz...
sábado, julho 29, 2006
A História dos Vencedores
[publicado no Diário de Aveiro, 28 de Julho de 2006]
Folheando a imprensa desta semana acaso reparamos com vários textos sobre a História e a sua ligação com a política. Vislumbramos a proposta polaca de alteração do nome do campo de concentração de Auschwitz aprovada pela UNESCO; contemplamos o actual revisionismo histórico da guerra civil espanhola onde, agora que se completam 70 anos, não se querem nem bons nem maus.
A nível interno tivemos, no debate parlamentar com a Ministra da Educação, um deputado da direita a questionar a dita ministra sobre se uma pergunta do exame de História não se tratava de um “erro grave”. Um ex-ministro da mesma bancada gritou ainda que a definição apresentada no exame era um autêntico “crime”. Não me interessa discorrer sobre a dita questão e os referidos intervenientes, porque se hoje são umas personagens no passado outras houveram e no futuro outras serão.
A História é descrita por investigadores e noutros tempos relatores, em suma, por seres humanos. Desta forma por muito que se apregoe a objectividade da análise histórica a verdade é que ela não existe.
Os métodos utilizados na investigação histórica, os seus objectivos, as fontes utilizadas, a importância atribuída aos diferentes conjuntos de dados, a linguagem utilizada na sua transposição, a perda e surgimento de conceitos, entre outros, são elementos de subjectividade no relato da História. A própria cultura e espaço social do indivíduo influenciam a sua abordagem na investigação. A padeira de Aljubarrota exemplifica bem este ponto, já que sobreviveu bem nos relatos históricos ao invés de muitos outros acontecimentos mais relevantes daquela batalha.
Este relativismo denota-se ainda, por exemplo, nas descrições históricas do tempo da escravatura em que esta prática era considerada aceitável em contraponto com as redefinições que a sociedade actual faz desse período tendo em conta os valores vigentes.
A História é uma construção e não uma verdade absoluta e imutável. Cada historiador e, em última análise, cada cidadão deverá ter a liberdade de escolha para tirar as suas próprias interpretações e conclusões com base na informação ao seu dispor. O processo de estudo histórico não é finito, estando em permanente edificação com o surgimento de novos dados e análises. Não existe propriamente uma história “oficial”, mas sim teorias mais bem aceites e, como em toda a ciência – exacta ou social – é ponto essencial que estas sejam perfeitamente questionáveis. É esse o motor do conhecimento e a marca identitária da ciência.
A reinvenção da História em versão de verdade absoluta para servir os preceitos políticos da actualidade de determinada ideologia, e a sua imposição à sociedade é um caso bastante gravoso. Já não são apenas os valores e a moralidade alheia que são quase tornados obrigatórios, mas também a própria História.
No caso concreto foi questionado o trabalho dos técnicos educativos ao terem considerado que uma das perguntas parte de uma noção histórica criminosa. Atendendo a que na referida questão do exame se encontra a interpretação aceite pela maioria da comunidade científica – não querendo isto dizer que seja a única e absoluta – pergunto-me quais as intenções destes senhores?
Será desejo secreto, mas não tanto, que o poder político – quando o detiverem – controle directamente os conteúdos programáticos da disciplina de História? E já agora também tomarão as rédeas de outras disciplinas, filosofia por exemplo?
Na percepção do mundo acabamos por ser reféns da História. O presente não passa de um instante. É no encadeamento do presente nos acontecimentos passados que nos surge a realidade contextualizada, perceptível e mais lógica.
Para tornar a actual sociedade o modelo absoluto e finito da realidade nada melhor que tornar a própria História totalitária e bem adaptada às necessidades. Para controlar o futuro nada melhor que ser proprietário do passado.
sexta-feira, julho 28, 2006
Bolsas FCT, a fuga(?)
Como já devem saber, por erro ou descuido da FCT, as listas com a seriação dos candidatos estiveram disponiveis no próprio site da Fundação. Quem as consultou fez uma cópia para si, que depois disponibilizaram no fórum da ABIC (Associação de Bolseiros de Investigação Cientifica).
Quem parece que não gostou foi o Presidente da FCT que se insurgiu afirmando tratar-se de um "acto irresponsável e eticamente condenável".
Ora que eu saiba o erro foi totalmente da FCT que disponibilizou as listas quando não o queria fazer. Se o erro foi dos serviços porque clamam? Provavelmente os primeiros candidatos a bolseiros a consultar o site nem se deverão ter apercebido que de um erro se tratava. De facto ignoro o modo de como as listas foram obtidas, apenas sei que estavam disponíveis no site da FCT, o que é deveras estranho.
Contudo a discussão deveriam ser outras: 1) o funcionamento da FCT; 2) o próprio conceito de emprego científico.
O que leva a que as listas já estejam seriadas há bastantes tempo mas que não saiam de um casulo só porque lhes falta uma decisão política. Deixam-se assim os candidatos no desespero até à data em que finalmente os senhores do Ministério se dignem a dizer alguma coisa à FCT. Apenas falta decidirem qual a percentagem de bolsas a atribuir a cada área. Tendo o processo sido iniciado há largos meses (Março, creio), porque é que ainda nada se decidiu?
Porque é todo o processo feito às escuras, só tendo os candidatos acesso aquando da finalização do processo? Se a lista existe porque não é disponibilizada atempadamente, juntamente com outros elementos que existam a tempo e horas, ao contrário da decisão política. Bem sei que o prazo legal acaba dia 28 de Agosto, mas tornar as coisas mais simplex não era o desejado?
A investigação científica coaduna-se com uma sazonalidade de 4 anos? Após 4 anos a formação, o investimento e a pessoa podem simplesmente ser jogados no lixo!?
É a receita neo-liberal. Deixar os trabalhadores tão assustados que se submetem a tudo. Quanto mais assustado se deixa o trabalhador menos poder reivindicativo terá. A ansiedade da espera pelos resultados da vida futura é chamada do saudável processo de mobilidade e flexibilidade.
A seu tempo quero ver se escrevo algo mais sobre o assunto.
Silêncios
Agora que Luís Amado ficou com a sua pasta dos Negócios Estrangeiros vejo-me a desejar a desejar a presença de Freitas. Ouço-me a pensar que Freitas seria mesmo o ministro mais à esquerda do Governo. Racionalmente tento negar mas com pouco sucesso. O passo seguinte é racionalizar ainda mais e pensar que a minha opinião se deve à ausência de política social do Governo, etc etc, nada resulta.
Freitas sempre esteve na frente contra a guerra do Iraque, ao passo que Luís Amado também esteve na frente mas na barricada do outro lado. Aliás foram muitos os fervorosos apoiantes da invasão, que entretanto assobiam para o lado como se nada fosse com eles. Mas mal surge outra guerra voltam à carga. São os defensores do caos e da destruição, desde que seja lá longe.
Freitas sempre tomou posições. Luís Amado é o especialista em nada dizer. Portugal ainda não se declarou pelo cessar foto na questão israelo-libanesa. Mesmo agora em que os EUA impedem que a ONU tome uma posição escrita de condenação da morte dos seus observadores mortos por Israel, nós permanecemos impávidos e serenos. Portugal não tem posição. As Nações Unidas refém desta decisão dos states (era necessário ser aprovada por unanimidade) acaba por se silenciar, apesar do voto dos outros 14 membros do Conselho de Segurança.
O Governo apenas avança a disponibilidade para enviar tropas para a zona. Resta saber com que objectivos. Temo em descobrir quais serão. Apesar de tudo que saudades de Freitas do Amaral, cenário que há uns meses consideraria no mínimo risível.
quinta-feira, julho 27, 2006
Shampoo
Agora isso já foi ultrapassado em grande medida, reparem na autêntica prosa que vi num shampoo: "cabelos compridos, baços com falta de energia", isto para além do epíteto "NOVO Explosão de Luz".
Qualquer dia há um shampoo específico para cada cliente. Já neste momento haverá uma grande afinidade entre o cliente eo produto, quase que pensará que foi feito à medida.
Serão realmente diferentes?
quarta-feira, julho 26, 2006
Update de alvos legítimos
Se fosse ao contrário lá se ia a Carmo e os outros 3 indivíduos.
Cansado dos malabarismos
A capacidade de malabarismo argumentário destes especialista surpreende-me. Na guerra tudo justificam. Não demorará muito até justificarem a morte de 4 observadores da ONU, em que Kofi Annan disse:
"Estou chocado e profundamente perturbado pelo (bombardeamento) das forças israelitas que visaram aparentemente de forma deliberada uma posição de observadores da ONU no sul do Líbano".
Nada temam, por certo foi um acto absolutamente banal na pena dos ditos fazedores. Já li bastantes coisas incriveis e poderei continuar nessa onda.
Pensões
Cavaco Silva aufere uma remuneração mensal bruta na ordem dos 7100 euros, em conjunto com uma pensão do Banco de Portugal (2679 euros) e outra da Caixa Geral de Aposentações (5007) por ter sido professor catedrático na Universidade Nova. Teve de prescindir da subvenção vitalícia de 2876 euros por ter sido primeiro-ministro.
Onde está [José] Manuel Fernandes!?
terça-feira, julho 25, 2006
Exploitation
O ex-moralista
Cidadania!? Quem não quer ser cidadão assim!?
domingo, julho 23, 2006
Os pontos nos ii's
Se José Sócrates foi demolir uns edifícios do sr. Azevedo, agora foi a vez do Ministro da Agricultura Jaime Silva ir inaugurar o seu projecto.
Estas afirmações do sr. Azevedo são de extrema importância, não só para a agricultura, mas especialmente na área da construção civil - um dos negócios fortes exactamente do sr. Azevedo. Se é verdade que muitos terrenos agrícolas estão abandonados devia ao envelhecimento da população e ao êxodo para zonas urbanas, é mais preocupante o açambarcamente dos solos por parte da construção civil, quer na fase de solo como de edificado.
É inadmissivel que um terreno mude astronomicamente de valor mediante uma simples operação administrativa, geralmente da Câmara Municipal. Onde é que neste processo se gera riqueza para o país? One está a mais valia da operação? Um hectare nunca deixará de ser um hectare, por mais que se esforce uma Câmara Municipal. Ora se o que está em causa é exactamente a mesma quantidade como é que uma decisão administrativa - que nem sequer é da autoria do propriétario - pode gerar milhões?
Mas o ponto mais essencial neste ponto é exactamente "a terra a quem a trabalha". O solo é um recurso limitado. Não se pode produzir mais solo. Assim sendo quem possuí solo está a fazer com que haja menos disponível para o resto da população, e logo está numa posição competitiva priveligiada. Ora assim sendo é de todo justificável que quem ocupe solo, e que por isso usufrua de melhores condições perante a concorrência deva devolver algo à sociedade pela posse de terreno. Pincipalmente se o terreno - agrícola ou edificado - estiver em desuso essa conduta deve ser fortemente penalizada, tal como defende o sr. Azevedo para o sector agrícola.
Podia citar vários países que considero mais "exemplares", mas certamente que para muitos os EUA sejam um exemplo mais "insuspeito". Nos EUA quem detém propiedade agrícola ou edificada paga bastante impostos já que está a usufruir algo que não é replicável. Não sei ao certo os números mas sei que ao fim de alguns anos (não muitos) o estado-unidense propriétario pagou em impostos o equivalente ao valor total do seu terreno.
Em Portugal reina o caos, não há nenhuma política de solos. Como se considera a agricultura um caso perdido tudo se investe para transformar o solo em edificado. Constróem-se demasiados "apartamentos" que são de imediato açambarcados por especuladores imobiliários que os retiram do mercado durante alguns anos para assim escassear a oferta e aumentar o seu valor. Ora esta prática nos EUA (para não ir mais perto) é altamente penalizada. Quem ocupa assim o solo (por posse de um apartamento) que não utiliza paga de tal forma tantos impostos, já que ocupa solo não replicável, recurso limitado... que se quer logo vender o mesmo. No caso português, em que pelo contrário esta prática é premiada, o que aliado à política de financiamento das autarquias leva a que os prédios floresçam que nem cogumelos.
Portanto dou força às ideias do sr. Azevedo, e mesmo que não nos aproximemos da política de solos holandesa e de outros países da Europa Central, pelo menos que nos aproximemos da dos EUA, bastante mais justa que a nossa legislação ausente.
O Almoxarife do Desejo
Telhados dependurados
Recortes de terra vermelha
Geometricamente alinhados
No caos mnemónico
Regressado da jornada
Avanço vagarosamente
Pelo metal enclausurado
Ávido de mitigar a demanda
No tumulto libertado
Me torno cobiçoso infante
O sentido correcto percorro
Alcançando o local errado
Do bestial presságio
Se enceta novo rumo
Abraçando o fausto
Almoxarife do desejo
O branco marfim que sibila
E o escarlate que o acaricia
Entoam o velho barro solitário
Dos telhados que nos cercam
Se o que foi continuava a ser
O que foi deixou de ser
Partindo do Ser
O que será!?
Telhados que perduram
sábado, julho 22, 2006
Ainda a História
Masturbaratona
Ao que parece o sexo já deu o que tinha a dar em termos de audiências televisivas. Agora há que apostar na masturbação...
O Limbo
[publicado no Diário de Aveiro, 21 de Julho de 2006]
A Terra conhecida como Santa vive numa espécie de limbo permanente. Não estão nem em guerra nem em paz, ou por outro, estão em ambas as situações conforme as conveniências.
Recentemente foi o rapto de um soldado israelita em Gaza que despoletou uma forte ofensiva, matando inúmeros civis e destruindo a maior parte das infra-estruturas que permitiam um mínimo de qualidade de vida. Assim, Israel deixou dois milhões de palestinianos sem electricidade e com apenas duas horas de água diárias, tudo debaixo dos 40º C da região.
Se se denomina de “rapto” o sucedido ao soldado, trata-se de uma situação civil a ser resolvida pelos tribunais e forças competentes. Contudo, a ofensiva israelita denota uma intervenção militar. Ora tratando-se de um caso militar não se trata de rapto, mas sim de um prisioneiro de guerra capturado em território inimigo numa invasão ilegal.
Alguns dias mais tarde no Líbano, repetiram a proeza raptando mais dois soldados israelitas, certamente numa tentativa táctica de obrigar Israel a espalhar as forças e aliviar a situação em Gaza. Daí surgiu mais uma mega-ofensiva que para salvar os dois soldados já custou a vida a mais de 300 pessoas, principalmente civis e crianças. Do lado do Líbano, o Hezbollah têm atacado território israelita com o mesmo grau de sucesso: chacina de civis e crianças.
É uma autêntica guerra de surdos. Ambos os lados apenas parecem ficar satisfeitos com a extinção do outro.
A captura de soldados inimigos nesta parte do mundo não se trata propriamente de nenhuma novidade, e desta vez, como das anteriores, a intenção seria usar o soldado israelita como moeda de troca para libertar alguns dos milhares de palestinianos retidos nas prisões israelitas. Contudo, desta vez Israel anunciou que não faz trocas, apenas exigências. Basta olhar para o passado recente para nos apercebermos que Israel não só trocou prisioneiros por soldados seus, como libertou mesmo prisioneiros como forma de reaver cadáveres de soldados israelitas.
Interessa pois saber o que mudou para levar Israel a este comportamento extremista. Certamente estas ofensivas servem na perfeição a estratégia de hegemonia da única potência nuclear da região, que pela destruição imposta relega para alguns anos de atraso o desenvolvimento dos povos vizinhos. Tudo feito sob a complacência da comunidade internacional.
Se Israel foi uma invenção inglesa no final da segunda guerra mundial que forçou à retirada do território da população árabe, hoje Israel é uma realidade consubstanciada numa forte imigração do povo judeu desde os EUA até à Etiópia.
De facto para analisar esta questão é preciso ter uma perspectiva histórica dos acontecimentos. Originalmente, em 1947, as Nações Unidas aprovaram a criação de dois estados na região, a parte judaica com 55% do território e a árabe com os restantes 45%. Jerusalém seria uma região internacional administrada pela ONU. Porém, logo aí surgiu uma guerra civil, seguida de incontáveis outras envolvendo mais países. As guerras a somar a toda uma sequência de atrocidades levaram os israelitas a ganhar terreno e um maior controlo do rio Jordão, fulcral nesta zona árida, para além de serem os donos e senhores dos lugares sagrados para as três religiões monoteístas. Desde então Israel tem-se expandido e mantido a população palestiniana sob condições sub-humanas de existência.
George Orwell, no livro 1984, concebeu uma sociedade onde as palavras ganhavam novos significados para servir a ideologia do sistema totalitário. Dizemo-nos longe de um tal sistema hegemónico, porém podemos observar que na realidade também as palavras são manuseadas para servirem o nosso bloco civilizacional. Como notam vários autores, se o termo terrorista tinha uma definição objectiva, neste momento é completamente subjectiva.
Pegando num manual do exército estado-unidense encontramos terrorismo definido como sendo “o uso calculado da violência ou ameaça de violência para incutir medo, intimidar ou coagir governos e sociedades com objectivos políticos, religiosos ou ideológicos”. Esta definição pelo acto em si foi avidamente substituída por uma em que o principal critério é quem comete os actos.
É evidente que o recurso à violência e ao o assassínio massivo de civis se trata de terrorismo quer seja cometido por uma qualquer organização ou por um Estado.
A história não acaba por aqui. Ambos os lados prometem mais, mais violência. Aqui quando se promete mais é certo que a população fica com menos.
sexta-feira, julho 21, 2006
Relativismo histórico
Alertado – e vilipendiado – pela Vânia nos comentários do último texto aqui no blog concluo que de facto se deve abordar o relativismo histórico quanto a esta questão.
Pelo referido alerta verifico que a direita pretendia a designação ditadura facista para designar a União Soviética em vez da utilizada ditadura europeia.
Na minha óptica não me parece correcto intitular de ditadura fascista a URSS. Se a URSS foi de facto uma ditadura – ponto mais consensual – não terá apresentado as características para se definir de fascista. Nem mesmo no período mais totalitário e sanguinário, com Estaline, a União Soviética terá apresentado – na minha óptica – as características para ser assim definida de fascista, não obstante apresentar várias semelhanças.
O termo ditadura europeia ou ditadura comunista parecem-se ser os mais indicados.
Mas como escrevi tudo isto é visto do meu prisma. O mais importante a realçar nesta polémica é mesmo o relativismo da História.
Qualquer apreciação histórica não está isenta da subjectividade do seu interlocutor, por mais imparcial que o investigador queira ser. Neste contexto admito que chamem o que quiserem à URSS, desde que o substanciem (correcta ou incorrectamente; completa ou incompletamente). A liberdade para o investigador descrever a História com base nos dados que dispõe deve ser total.
Por mais que se queira uma análise Histórica objectiva, esta não existe. A carga subjectiva está sempre presente, quer na forma de recolha de informação, nas fontes escolhidas e previligiadas, na hierarquização atribuída aos dados, até na sua exposição. A cultura e o espaço social do investigador também não devem ser ignorados. E o próprio interesse particular da investigação leva a afunilar num certo sentido o rumo da mesma e logo as suas conclusões. A História é permeável a tudo.
Um bom exemplo disto é a Padeira de Aljubarrota, que sobreviveu até aos nossos dias, quando certamente dados mais relevantes da batalha foram sendo esquecidos. Isto porque os investigadores, recentes e nem tanto, porque ao longo dos anos investigadores e historiadores “oficiais” foram fazendo a escolha da informação a ser transmitida enquanto História. As palavras-chaves aqui são liberdade e escolha.
Tremo só de pensar num mundo onde a História é absoluta e inquestionável. Esse mundo aliás já foi descrito várias vezes, por exemplo em 1984, e pior está-se a transformar realidade. Se os países de comunismo isolacionista isso também aconteceu (acontece?), mas a luta contra o relativismo histórico de momento provém do interior dos Estados Unidos, onde se tenta montar a História oficial da Humanidade.
Em suma, o relativismo histórico é dos conceitos que mais quero preservar a todo o custo. Cada investigador, e em casa último cada cidadão, deve ter a liberdade de analisar os dados e registos históricos à sua disposição e conceber as suas próprias conclusões.
Se o Diogo Feio entende que a URSS foi uma ditadura fascista está no seu direito. Se eu a considero uma ditadura comunista também o devo divulgar. Se, quanto a ti, se tratou de uma ditadura do proletariado ou uma democracia do proletariado ou qualquer outro termo também tens todo o direito de o defender e opinar. O que me assusta como me disse, é que Diogo Feio queira o absolutismo histórico da sua definição. Que tente impor a sua visão Histórica como verdade única. Acredita que me assusta mesmo. Espero que não queiras também tu desmontar o relativismo histórico, que se formos a ver, é uma construção bem recente.
Acrescento ainda que admito perfeitamente que alguém afirma a Coreia do Norte como sendo uma democracia, desde que não tente impôr a sua versão histórica à Humanidade. Reservando-me ainda neste caso, de considerar essa versão uma piada de mau gosto.
E com o texto é dirigido aproveito para acabar com uma citação de Marx que diz qualquer coisa parecida com: a História de um dado momento é a História concebida pela classe dominante (quando encontar a citação correcta substituo aqui)
Estou farto da História dos vencedores.
Baralharam-me
Do Correio da Manhã de hoje:
ERROS DA HISTÓRIA?
O deputado CDS, Diogo Feio, perguntou à ministra se não considerava a pergunta do exame de História, que incluía o regime comunista soviético no lote das ditaduras europeias, um erro grave. O ex-ministro Paulo Portas insurgiu-se gritando que aquela definição “era um crime”. A ministra da Educação perguntou ao deputado se no tempo em que estava no ministério também controlava o conteúdos dos exames.
Ok, admito que me perdi. Se fosse o Bernardino Soares do PCP a dizer isto eu percebia já que o mesmo afirma a Coreia do Norte como democracia e fonte de virtudes! Agora o CDS?! Até gostava de falar do relativismo na história, se conseguisse perceber o que quer dizer o texto que aqui deixei! Sinceramente não percebo!
quinta-feira, julho 20, 2006
Golpe de génio
Escolham a correcta tradução:
- Portugueses são dos mais pobres da UE
- Portugueses são o suficientemente pobres e não suficientemente ricos para terem que passar férias no país e assim desenvolver a nossa economia, vulgo golpe de génio
quarta-feira, julho 19, 2006
Democracia: Reservado o direito de admissão
Agora é o Parlamento Regional da Madeira que quer fazer as suas regras escritas de idumentária. Até lá vão sendo proibidos os jornalistas que queiram entrar apresentando calças de ganga rotas, pólos, t-shirts ou sapatilhas.
Tudo no nome do prestígio da instituição parlamentar. Enquanto no Japão se fazem campanhas de promoção de vestuário informal nas empresas, em que o próprio Governo e a Família Real se empenham, por Portugal queremos jornalistas bonitinhos. Esta medida no Japão poupa milhões em energia e no mercado de emissão de gases.
A mim o que dá um certo gozo e ironia a esta medida absurda é a justificação! Proteger o prestigio do Parlamento madeirense, onde todos os dias há insultos e ameaças físicas.
Noite de Aveiro
Quanto a mim a questão do barulho está bem explicita neste protesto de uma moradora: "É claro que não concordo, já não basta que às duas da manhã eles fechem e depois venham todos para a rua fazer barulho, quanto mais com mais tempo abertos".
É exactamente isto. As pessoas fazem barulho quando sairem dos bares para a rua. E, caso não tenham mais nenhum local para ir, deambulam pelas ruas e aí o barulho mantém-se. Em condições normais durante o horário de abertura dos bares as pessoas concentram-se no seu interior.
Para minimizar o barulho o horário de fecho deve coincidir com a "hora da caminha". No caso do Rossio, dado estar integrado numa zona residencial, devem haver recintos nocturnos com horário de abertura/fecho posterior noutras zonas da cidade com menos densidade populacional para onde as gentes possam ir. Assim o barulho ficaria limitado ao momento da romaria do Rossio para esse outro local. É uma questão de planeamento urbano.
O folk é chique, o folclore é parolo
Ouvi a entrevista a espaços enquanto procurava um qualquer recinto desportivo para uma futebolada! Percorremos a cidade, rumamos a Vilar e ainda a São Bernardo! Tudo ocupado! O que até nem foi mau, deu para ir ouvindo a entrevista.
Fiquei a saber, entre outras coisas, que o grande artista tem 28 canções proíbidas pela censura - mais que José Afonso, garante. Cid acrescenta ainda que face à censura tinham que fazer metáforas imaginativas de forma a passarem essa barreira.
Interessa-me ainda esclarecer a muito badalada foto de José Cid nú. Desconheço as intenções do artista, mas parece-me tratar-se de uma afirmação estética e artística. José Cid acedeu a tirar as referidas fotos numa altura em que o mercado era já invadido pelos meninos e meninas bonitas, que vendiam mais o corpo que a música em si. Artistas pré-feitos como os do meu texto anterior. José Cid poderá ter-se afirmado como distante de tudo isso e usado essas fotos como forma de crítica e afastamento desse mundo obscuro.
Para não faltarem brindes deixo aqui o regresso ao lugar do crime, a entrevista recente de José Cid à Revista Sábado, dada no mesmo divã das fotos: capa, páginas 1, 2, 3, 4, 5, 6. Aqui ficamos a saber que José esteve para embarcar na avioneta junto com Sá Carneiro, já que este lhe pedira para dar apoio à campanha de Soares Carneiro, mas Cid recusara.
Outros bónus como músicas, só quando dominar o html, já o tentei e fracassei. Da entrevista fica aqui uma pergunta-resposta que dizem muita coisa [as perguntas subsequentes também são de interesse relevante]:
Como é que um músico que é o autor de Como o Macaco Gosta da Banana faz discos de blues, world music e rock sinfónico?
Quem disse que um artista precisa de ser coerente? Se apareci com um disco como o Amar Como Jesus Amou, foi porque precisava de comprar um télemovel novo.
terça-feira, julho 18, 2006
segunda-feira, julho 17, 2006
Sal em Aveiro
Realmente a associação pode mesmo ser milagrosa, pelo menos noutras latitudes de Portugal assim foi. O caso de sucesso [que já mal me recordo] é o da exploração de sal-gema a 30 km do mar algures em Portugal. Andavam os produtores numa labuta não rentável até que se constituiram em cooperativa.
Atendendo a "terem ganho escala" [como os economistas gostam de dizer] conseguiram apresentar quantidades suficientes para satisfazer grandes importadores! Acabam por vender quase toda a sua produção para a Alemanha. Tudo decorreu virtiginosamente. Primeiro uma cadeia de padarias alemãs comprou o produto e publicitou o seu pão como tendo este sal... outros importadores se seguiram!
Agora vendem todo o sal e se mais houvesse mais vendiam. Vendem a preço de produto de luxo, que o é. Os únicos problemas que faltam ultrapassar completamente são a legistação portuguesa [e/ou europeia] que é omissa na certificação deste tipo de produtos alimentares e ainda as normas para exploração de algo que entrará em contacto com a comida.
domingo, julho 16, 2006
Entrevista de José Sócrates à SIC
-----"Posso dizer que aprendo"
-----"A cooperação institucional é facilitada pelo conhecimento que [Cavaco Silva] tem dos problemas do país e da governação"
-----"Tiro muita utilidade pessoal e política das conversas com o Presidente da República. Posso dizer que aprendo com o Presidente da República, como aprendi com Mário Soares e António Guterres"
sábado, julho 15, 2006
O canto da sereia
[publicado no Diário de Aveiro, 14 de Julho de 2006]
1. Quem manda no país é a Quercus afirma o vice-presidente do CDS-PP, Sampaio Nunes, ao mesmo tempo que garante que o governo tem medo destes ambientalistas. Palavras proferidas enquanto defendia a implementação da energia nuclear em Portugal. De que sonho acordei?
Curiosamente a organização acusada, a Quercus, efectuou e disponibilizou um excelente levantamento de informação científica, económica e ambiental na sua tomada de posição pelo não ao nuclear.
Certamente Sampaio Nunes não vive no mesmo país que eu. Em Portugal as poucas vitórias de associações ambientalistas têm sido apenas conseguidas na barra dos tribunais por imperativos legais. Não tenho memória de que estas associações pela sua pressão tenham alterado um milímetro que seja a política governamental.
Quanto a mim, o mais grave das declarações é que elege a defesa do ambiente como o principal inimigo do desenvolvimento. Como se irremediavelmente tivéssemos sempre que optar entre ambiente ou desenvolvimento. Como se o bem-estar ambiental não fizesse parte do desenvolvimento.
Ao que parece, para Sampaio Nunes o desenvolvimento limita-se à componente económica. Mesmo se assim fosse, não será o turismo afectado pelo estado do ambiente? A falta de matéria-prima e os custos do seu tratamento derivados da deterioração ambiental não são contabilizados? E a agricultura? E os gastos na saúde com as doenças típicas de sociedades com elevada poluição?
Qualquer dia ainda ouço que o emprego e o bem-estar social são inimigos do desenvolvimento.
Felizmente ainda há políticos corajosos como Sampaio Nunes capazes de enfrentar os temíveis ambientalistas que tanto tem travado o desenvolvimento do país e que, segundo garante, até o Governo assustam.
2. Nesta quarta-feira decorreu o debate parlamentar do Estado da Nação. Sendo o anterior Primeiro-Ministro – Santana Lopes – deputado seria de esperar um interessante confronto de ideias. Porém Santana Lopes decidiu faltar ao importante debate alegando assuntos pessoais não especificados, não contrapondo assim a Governação PSD do próprio e de Durão Barroso à actual PS.
O mais incauto poderia pensar que não haveriam grandes diferenças no rumo estratégico para contrastar. Mas é exactamente isto que diagnostica Vasco Graça Moura num artigo no Diário de Notícias saído no mesmo dia.
O eurodeputado afirma que é o seu PSD que, pela sua actuação na oposição, “tem vindo a fornecer um conjunto de orientações políticas ao Governo”. Acrescenta ainda que se o PS na oposição discordava das acções do PSD no Governo, neste momento o Governo PS adopta o “caminho traçado e a[s] posições desenvolvidas por anteriores governos social-democratas”. Afirma tudo isto salvaguardando que o seu partido interviria noutras áreas em que o actual não se tem intrometido.
Se já nos havíamos habituado a esquecer as promessas eleitorais, este Governo foi mais além e votou o seu programa de governo a peça de museu de tão esquecido que está. Se foi eleito nos pressupostos desse programa agora apercebemo-nos que mantém a linha estratégica dos Governos PSD que o precederam. Executa o rumo derrotado nas urnas, e não precisa de ser alguém externo a garanti-lo, basta ler o eurodeputado social-democrata.
quarta-feira, julho 12, 2006
Os perigosos ambientalistas
Barriga de aluguer
A Guerra Fria acabou há 14/17 (?) anos, mas os Estados Unidos continuam com 480 bombas nucleares em países europeus (Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda, Turquia e Reino Unido). Cada bomba têm a potência 10 vezes superior à de Hiroshima.
A II Guerra Mundial acabou há 61 anos, porém só na Alemanha estão estancionados em bases militares 123.300 americanos entre soldados e as suas familias. Só a base de Ramstein conta com 34.000.
Portal Esquerda
"(...) um projecto novo de informação na Internet e com multimedia, ao serviço da acção política, da participação social, da defesa da liberdade e do socialismo.
Portal de informação do Bloco de Esquerda terá actualização diária, crónicas de opinião e dossiers temáticos, inclui sites de rádio (Esquerda.radio), de vídeo (TV Bloco), livraria online (Leituras à esquerda), cultura alternativa (Blocomotiva), os sites do Bloco, do Grupo Parlamentar e do Bloco no Parlamento Europeu, o jornal Esquerda e o Boletim Participação.
Este será um projecto em constante inovação."
terça-feira, julho 11, 2006
Implosão do Estádio
Eu acabei por também divulgar a solução mirabulante que defendi [a nível pessoal] aquando da construção: se é para se fazer que se faça desmontável para posteriormente vender à Arábia Saudita, Qatar ou Emirados Árabes Unidos.
Ora, qual a origem desta hipótese? É que apenas manter o estádio de pé custa à Câmara Municipal (no caso à EMA) 1 milhão de euros por ano! Portanto ao fim de alguns anos estaria a demolição paga e o resto seria lucro.
Claro que nenhum representante deseja a demolição do estádio, mas deste modo apercebemo-nos ainda mais do monstro criado que agora somos obrigados a sustentar.
segunda-feira, julho 10, 2006
domingo, julho 09, 2006
Não há espaço para pobres
Contas por alto e temos que na Europa vivem 710 milhões de pessoas, distribuidas em 48 países ocupando uma área de 30 milhões de km2. Em África vivem 842 milhões, em 55 países numa área de 30 milhões de km2. Para já não falar na Ásia onde habitam 3.792 milhões.
Face a tudo isto como interpretar o facto de que a Europa deter 14 vagas no Mundial de Futebol e a África deter apenas 5 vagas?
Podem usar o argumento da falta de qualidade das seleções africanas, sem bem que isso é redundante. Sem experiência não há maturidade, sendo esse um dos maiores entraves ao desenvolvimento do futebol africano. Para além disso Camarões e Nigéria ficaram de fora, serão piores que a maioria das seleções europeias?
A paixão do povo africano pelo futebol certamente não poderá ser questionada. Então o que leva a esta disparidade?
A resposta deverá ser bastante simples. O mercado de publicidade e de artigos desportivos concentra-se na Europa. Uma vez que esse é o maior objectivo de uma Copa... não há espaço para pobres.
De regresso
sábado, julho 08, 2006
Desporto vivo
[publicado no Diário de Aveiro, 7 de Julho de 2006]
Nos últimos anos assistimos a um enorme investimento público no desporto em Portugal e, no caso particular, em Aveiro. Este esforço resultou na cobertura nacional de pavilhões desportivos nas escolas permitindo que todos os alunos tenham condições para a formação e prática desportiva.
Contudo não podemos deixar de reparar que a esmagadora maioria do investimento nesta área tem sido dispendido em infra-estruturas de suposta utilidade pública, mas proibitivas ao público, passando ainda por apoios e subsídios ao desporto profissional.
Acentua-se em Portugal e no mundo a mudança do desporto-vivido para o desporto-visto. A tendência para que os praticantes se reduzam e aumente o número de espectadores. Se a prática saudável do desporto acarreta apenas lucros marginais, a difusão e visionamento de imagens de desporto traz consigo lucros publicitários milionários, constituindo-se assim o desporto-visto e, em particular o futebol, como uma indústria.
O desporto praticado eleva a qualidade de vida do cidadão e, consequentemente, diminui a incidência de doenças crónicas típicas da sociedade ocidental, acarretando uma menor despesa dos serviços de saúde pública. Poderíamos dizer que esta prática também é desejada pelas companhias de produtos desportivos, principais exploradoras do desporto-visto, contudo assim não se passa. O objectivo destas companhias é a venda dos seus produtos para o uso do quotidiano, que escoa maiores quantidades, do que para o desporto-vivido.
A publicidade do desporto-visto aliado às sociedades desportivas profissionais são uma actividade francamente lucrativa mas que em pouco contribuem para o desenvolvimento social e humano. Nesta perspectiva o que justifica os subsídios e apoios de entidades públicas a este tipo de desporto em detrimento de outras empresas e projectos da mesma área ou de outras de cariz social, educativo ou cultural?
Em Aveiro construiu-se um segundo estádio monodesportivo e a Câmara Municipal (CM) subsidia directamente e indirectamente (através da EMA) o Beira-Mar. O que justifica tamanho apoio a um único clube profissional da região, sem que daí se retire qualquer vantagem concreta para a população quando comparado com a situação da prática desportiva dos munícipes?
A discrepância no apoio ao desporto é tanto maior que a CM é responsável pela manutenção e concepção do parque desportivo do concelho, mas dessa tarefa se tem furtado. Nestes espaços desportivos ao ar livre, de um modo geral, acentua-se a degradação e a carência de material e manutenção. Um exemplo concreto é a falta de iluminação nocturna destes espaços. Ora o investimento neste aspecto seria irrisório comparado com os recentes devaneios faraónicos, mas traria vantagens reais para a prática desportiva dos munícipes, que deste modo terão, por exemplo, que alugar pavilhões desportivos de escolas (que já uma vez foram pagos pelos seus próprios impostos).
O que leva a edilidade a despender uma parte considerável do seu orçamento na construção de um estádio e demais apoios a um clube de futebol profissional e não fornecer boas condições para a prática desportiva da população? Porque apoia a indústria do desporto-visto e não incentiva a prática de desporto quer pela existência de condições como de campanhas para o efeito?
A CM tem bastantes credores que justamente reclamam o que é seu. Haverão muitas dívidas urgentes e necessárias, quer a nível social e educativo. Contudo ultimamente a discussão tem-se centrado na dívida ao Beira-Mar, muito pela capacidade de penetração desta instituição nos meios de comunicação social, fazendo-o na defesa justa dos seus legítimos interesses e direitos. Porém, existindo vários credores e não existindo dinheiro para, a curto prazo, pagar a todos é necessário de alguma forma definir prioridades das dívidas mais prementes e necessárias, nomeadamente a nível social e educativo. Em contraste temos a recente penhora sofrida pela CM por uma dívida à empresa que fornece a alimentação escolar, despesa para a qual a própria CM recebe comparticipação estatal.
Se o Clube exigia o pagamento atempado da sua dívida também adiantou que estaria disponibilidade para receber “em espécie”, sugestão ao que parece bem recebida pela edilidade que coloca a hipótese de saldar a dívida dando terrenos. Aqui não deslumbramos qual a estratégia da CM em relação a todas as suas dívidas. Quem define a forma de pagamento? A CM ou os credores? Pagará a CM muitas das suas dívidas com terrenos? Quem procederá à avaliação dos terrenos? Que uso futuro pode ser dado aos terrenos? Empobrecemos assim a CM em virtude de protocolos e negócios de duvidoso interesse público sem antes definirmos a política para protocolos semelhantes no futuro? É importante que a Câmara Municipal esclareça os seus munícipes da sua politica em relação a estes assuntos – como em todos os outros – antes de avançar medidas avulsas.