O que Portugal tem para oferecer?
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[publicado no Diário de Aveiro, 12 de Janeiro de 2007]
Na sessão da Assembleia Municipal de segunda-feira o Orçamento para 2007 foi aprovado, pese embora os votos contra de toda a oposição. Num momento em que todos conhecemos as grandes dificuldades financeiras da autarquia, este executivo apresenta o maior orçamento de sempre: 191 milhões, o terceiro maior depois de Lisboa e Porto. Resta lembrar que há um ano o Vereador das Finanças manifestou que um orçamento ideal se situaria entre os 50 a 75 milhões.
Na comunicação do Presidente da Câmara o montante total em dívida era de 117 milhões de euros. Contudo, durante a reunião o próprio Élio Maia proclamava essa dívida como sendo de 250 milhões, apressando-se a rotular com “cerca de” perante a estranheza na audiência. Uns dias volvidos justificou esse seu “cerca de” como 10% acima da estimativa preliminar da IGF. Mas a coisa não se ficou por aqui, Rocha Almeida – deputado municipal do PSD – afirmou que o valor da dívida da autarquia “talvez seja mais perto dos 300 milhões”.
Com um “cerca de” equivalente a uma margem de erro de 20% e um “mais perto de” com valor estatístico desconhecido, a coligação faz da dívida o centro da discussão. O executivo já nem se preocupa em tentar mostrar que têm estratégia, ideias e obras para o município. Conhecida que é a sua inépcia persiste em focar as suas forças em atirar as culpas e as mágoas para o executivo anterior.
Por outro lado, a bancada socialista mantém-se irredutível na sua e só sua realidade quântica. Se para Artur Jorge tudo “é uma situação perfeitamente normal”, para Raúl Martins a herança deixada pelo anterior executivo PS “é uma situação financeira perfeitamente equilibrada”.
Não podemos perpetuar este jogo de culpas. A situação calamitosa em que a autarquia ficou é sobejamente conhecida, mas não é isso que justifica a falta de ideias para o município.
O caso Aveiro Basket é bastante demonstrativo. Élio Maia queixa-se que a autarquia está presa a um protocolo que Alberto Souto estabeleceu com o Beira-Mar, em que a autarquia entrega um milhão de euros por ano, têm que suportar os custos da construção da sua sede e do seu campo de treinos e ainda pagar obras no antigo Mário Duarte. Porém, e apesar do queixume, é sua opção suportar – em nome daquilo a que chama “função social” – as partes da dívida da Aveiro Basket SAD que não pertencem à autarquia mas sim ao Beira-Mar, Galitos e Esgueira. É opção deste executivo tornar as verbas da acção social, da educação e da saúde secundárias quando comparadas com as destinadas ao desporto, grande função social…
A receita não especificada de “outras rendas” no valor de 46,5 milhões conheceu novos desenvolvimentos: o progresso do silêncio. Na Assembleia Municipal, Élio Maia foi instado a esclarecer como se chegou a este valor. Ora, se estão em causa várias concessões a privados (água, saneamento, recolha de resíduos, MoveAveiro, Teatro Aveirense, Parque de Exposições, Empresa Municipal Estádio de Aveiro, e outros?) seria normal que o total deriva-se da soma de várias parcelas, mas Élio Maia preferiu o silêncio. Os cidadãos, como toda a oposição, desconhecem quais são ao certo as empresas e serviços que a CMA pretende privatizar, em que condições, e qual o valor de cada uma. Aliás nem sabemos se foi estabelecido um valor para cada uma ou se 46,5 é apenas um número mágico. A política do executivo troca a prestação de serviço público à população pelo encaixe financeiro.
No que toca à receita de 80 milhões prevista para venda de terrenos, as coisas talvez sejam mais claras à luz das declarações de um deputado da coligação: “Aveiro tem jardins a mais”.
É caso para perguntar: o que não está à venda?
[publicado no Diário de Aveiro, 5 de Janeiro de 2007]
Há uns dias encontrei um texto intitulado “Aborto. Sim ou não.” afixado por toda a Universidade de Aveiro. Neste texto a despenalização da interrupção voluntária da gravidez é comparada a “um indivíduo pontapeia uma mulher grávida, com menos de 10 semanas de gestação, provocando um aborto não espontâneo”. Este texto termina com o apelo “ajude a fundar o novo núcleo de acção cristã desta universidade actualmente composta, por uma único pessoa”.
Apesar de existirem partidos e movimentos legalmente constituídos para a campanha do SIM e do NÃO, na comunicação social o maior relevo e destaque é atribuído às declarações da hierarquia da Igreja Católica. No primeiro dia do ano o Papa comparou o aborto ao terrorismo. Em Portugal, no mesmo dia e pelo mesmo diapasão, o Cardeal de Lisboa sugere que o aborto prejudica a paz.
Nada tenho que comentar a vida interna de organizações de cariz religioso, mas neste caso a instituição em causa está a tentar influenciar a política do país, que se aplica quer aos seus adeptos como a toda a restante população.
Não me surpreende que, quer o texto do movimento de uma só pessoa quer as afirmações da hierarquia da Igreja Católica, nunca refiram dois pontos sobre os quais o referendo de facto incide. O recurso ao aborto continuará a existir caso ganhe o NÃO e tudo se mantenha igual. O referendo não pergunta a nossa postura moral sobre o aborto, mas sim como a sociedade deve reagir perante esta prática que existe e existirá. Portanto, nesta situação qual a resposta destes senhores para o problema: em primeiro, a prisão da mulher; em segundo, força-la à prática do aborto em condições abjectas de saúde e higiene.
Estes senhores abandonaram a argumentação e a discussão séria. Preferem espalhar o medo e a irracionalidade com as comparações ao pontapé, ao terrorismo e ao atentado à paz.
Eu, e certamente os restantes defensores do SIM, não queremos enveredar pelo mesmo caminho. Portanto, ao contrário destes senhores que nunca deram resposta aos dois pontos que referi acima e que abandonaram a discussão com os atentados e os prejuízos para a paz, vou debater os seus argumentos.
A sua discussão assenta na crença dogmática de que a vida começa na concepção, isto é, que começa com uma única célula resultante da união entre o espermatozóide e o óvulo. Contudo esta questão não está presente no actual referendo. A resposta a esta questão já foi dada em 1984 pela lei actual. A lei actual já prevê a interrupção voluntária da gravidez até às 16 semanas no caso de violação e até às 24 semanas em caso de má formação ou doença grave do nascituro.
A hierarquia da Igreja Católica quer fazer passar a vida do embrião como um valor absoluto. Caso fosse considerado um valor absoluto, o feto de 16 semanas resultado de uma violação ou o de 24 semanas com má formação, teriam tanto direito à vida como o embrião de 10 semanas. Nessa lógica o direito à vida resultante de uma violação teria o mesmo valor absoluto que o direito à vida resultante de uma relação sexual consentida. A sociedade assim não entende, reconhecendo todos os relativismos em jogo.
A postura absolutista da hierarquia da Igreja Católica apresenta incongruências já no que toca a uma gravidez de risco opta pela vida do embrião arriscando a da mulher. Esta hierarquia também admite o direito à legítima defesa esquecendo o absolutismo neste ponto para reconhecer os relativismos. Nos restantes cenários do aborto a referida hierarquia adopta uma posição coerente já que se opõe claramente à prática de aborto em qualquer situação, mesmo nas previstas pela lei: violação, má formação, doença grave e mesmo em caso de risco de vida para a mulher.
O leitor, independentemente da sua crença religiosa, concorda com a posição absolutista assumida pela hierarquia da Igreja Católica que obriga uma mulher violada a levar a gravidez até ao fim? Este ponto não está incluído na pergunta do referendo, mas é a base de argumentação da referida hierarquia na campanha que está a realizar.