quarta-feira, julho 30, 2008

Não há dinheiro, desconstruíndo o mito

Ora, aqui uma excelente contextualização dos gastos com o Rendimento Social de Inserção (RSI), no Arrastão:

Portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza: cerca de 2.000.000.
Beneficiários do Rendimento Social de Inserção: 311 mil (quase 40% são menores)
Despesas anuais com o Rendimento Social de Inserção:
371 milhões de euros.
O valor médio da prestação de RSI por beneficiário:
83 euros.
Lucro dos cinco maiores bancos portugueses em 2007:
8,7 milhões de euros por dia.
Perda anual de receita fiscal devido aos benefícios fiscais à banca:
cerca de 700 milhões euros

De notar que estes 700 milhões de euros são pagos em impostos por todos nós. Paulo Portas tem-se indignado com RSI, compare-se o valor/utilidade do RSI com os 973 milhões de euros que os dois submarinos nos vão custar. Recorde-se que Manuela Ferreira Leite era ministra das finanças aquando desta magnânime compra.

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terça-feira, julho 29, 2008

Pessoal que vê filmes a mais

A ida do Grupo de Operações Especiais da PSP ao Brasil para treinar com a "tropa de eleite", BOP, parece que começa a dar os seus frutos.

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quinta-feira, julho 24, 2008

Liberalismo à portuguesa


A Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), a Associação Empresarial de Portugal (AEP) e a Associação Industrial Portuguesa (AIP) uniram-se propondo a intensificação dos estímulos à utilização dos biocombustíveis e a avaliação da oportunidade de produção de energia nuclear.

Resta saber se o pedem enquanto consumidores de energia, ou enquanto potenciais construtores, produtores, distribuidores destas energias. Não deixa de ser interessante que os senhores que pedem a liberalização da economia exijam a implementação de dois tipos de energia - nuclear e biocombustíveis - altamente subsidiadas, e que apenas assim são viáveis e rentáveis! Para mais ainda pedem a intervenção estatal na regulação de preços da electricidade.

Já agora, não é que interesse muito... mas em França ocorreu o quarto acidente nuclear em quinze dias.

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Diplomacia dos negócios

sexta-feira, julho 18, 2008

O país do unanimismo, ou quase


Depois de Jerónimo de Sousa dizer maravilhas de Angola, agora Sócrates destaca o trabalho notável do Governo Angolano.

É curioso ver o unanimismo em torno de um país onde o enriquecimento de alguns tem sido avassalador - à custa da pilhagem dos recursos naturais e de privatizações a bom preço - contrasta com a mais profunda das pobrezas; onde a corrupção é a norma; onde a filha do presidente é dona de quase tudo o que mexe; onde as eleições são uma farsa; ...

O clube do poder de Sócrates e Mira Amaral e os comunistas do PCP estão de acordo, os capitalistas também. Qualquer capitalista reconhece os bons parceiros de negócios, e em Portugal são inúmeros os que tem parcerias com Isabel dos Santos, de Américo Amorim ao BES...

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A verdadeira alquimia

[publicado no Diário de Aveiro, 18 de Julho de 2008]

Em Fevereiro , o Northern Rock– um dos maiores bancos britânicos de crédito imobiliário – entrou em colapso. Então, o Banco de Inglaterra emprestou 55 mil milhões de libras (o equivalente a mil libras por cidadão britânico) ao banco em causa. Face à contestação generalizada, o governo britânico viu-se obrigado a nacionalizar o Northern Rock.

Esta semana, duas empresas financeiras norte-americanas dedicadas ao crédito imobiliário (Fannie Mae e Freedie Mac) entraram em colapso. A Administração Bush pediu ao Congresso que aprove uma linha de crédito até 300 mil milhões de dólares (o equivalente a mil dólares por cidadão norte-americano) para salvar estas empresas. Foi ainda pedida autorização para comprar acções destas duas empresas, portanto o Estado declara-se disposto a comprar parte destas empresas praticamente falidas e que mais ninguém no mercado ousaria tocar.

É sabido que o cidadão que por qualquer infortúnio deixe de conseguir pagar as mensalidades do seu crédito ao banco, está desgraçado e o Estado certamente não se mete no assunto. Da mesma forma, o Estado nada faz se qualquer um de nós tiver um pequeno negócio que vá à falência.

O capitalismo é isto mesmo, só é bom para os amigos. Os grandes negócios financeiros são isentos de risco, já que se correr mal, o Estado – todos nós – assume o risco inerente ao investimento. No sistema vigente vigora a privatização do lucro e a nacionalização do prejuízo.

Para mais, o negócio dos bancos é bastante interessante. A sua actividade consiste na produção de dinheiro a partir do nada. Os bancos emprestam aos seus clientes dinheiro que não tem e que não existe. De seguida pedem aos bancos centrais que façam mais dinheiro, sendo que nem é preciso imprimi-lo, basta inserir os números no computador.

Em suma, o dinheiro que os bancos emprestam não tem correspondência com os débitos depositados, nem com nada que possuam. A única garantia de valor do dinheiro é a assinatura do cliente do empréstimo que se compromete a pagar esse valor.

Os bancos são assim um excelente negócio, já que na prática possuem o alvará de produção de dinheiro a partir do nada. Para mais, a quantidade de dinheiro existente controla em muito a inflação e a definição da taxa de juro – os dois eixos da política financeira.

De acordo com a teoria neoliberal, o mercado através da interacção dos indivíduos e na ausência de uma entidade coordenadora do interesse comum, resulta numa determinada ordem como se existisse uma “mão invisível” que os orientasse. Daí que defendem que a economia de mercado deve funcionar sem a interferência do Estado. Porém, os próprios arautos liberais mandam a sua própria teoria às urtigas quando uma instituição financeira está em crise e usam o Estado para a salvar em claro prejuízo de toda a sociedade.

De igual modo, nos casos relatados, os 55 mil milhões de libras e os 300 mil milhões de dólares não existem no momento da decisão, sendo dinheiro que será apenas produzido pelos bancos centrais de propósito para a ocasião.

Da próxima vez que lhe digam que vivemos num mundo onde não há dinheiro para a segurança social, para a acção social, para a saúde, para a educação, pense nos valores pornográficos que o Estado fabrica para salvar empresas financeiras...

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quinta-feira, julho 17, 2008

Segredos sujos, mas valiosos

A Nestlé pagou 65 milhões de euros à Securitas para infiltrar um ex-agente policial na ATTAC de Lausanne. A ONG preparava um livro sobre os aspectos mais obscuros da multinacional. A espionagem durou um ano e foi do conhecimento da polícia local, ou o Estado não escolhesse sempre o lado do capitalismo. O caso foi divulgado nesta reportagem televisiva.

Curiosamento, em Portugal isto apenas foi noticiado no esquerda.net. Mais ninguém pegou na notícia. É compreensível, na última semana os jornais estiveram todos ocupados com o Pablo Aimar.

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Para que conste, em minha casa já realizei jantares mais internacionais que isto


A Juventude Socialista organizou ontem uma Conferência Internacional sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo, com os seguintes oradores:

- Pedro Zerolo (Secretário Federal do PSOE com os pelouros dos Movimentos Sociais e ONG)
- Ana Catarina Mendes (Deputada e Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PS)
- Miguel Vale de Almeida (Antropólogo)
- Isabel Moreira (Constitucionalista)
- Paulo Pamplona Corte-Real (ILGA – Portugal)
A propósito da legalização, Pedro Zerolo afirmou que a «esquerda é valente ou não é esquerda».

De notar que a JS já anunciou que apresentaria uma proposta legislativa para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas apenas e se o Bloco de Esquerda o fizer primeiro. De notar ainda esta conferência "internacional" surge no seguimento das Jornadas Contra a Homofobia realizadas pelo Bloco.

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quarta-feira, julho 16, 2008

Impostos de collants

Depois de Sócrates anunciar a redução de 70% no imposto que não existia no caso dos carros electricos, eis que a Taxa Robin dos Bosques afinal substituí e é de igual valor ao IRC... apenas muda a data e forma de cobrança!

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terça-feira, julho 15, 2008

Jaime Gama, político maduro



Um fenómeno interessante nos políticos do clube do poder é o seu amadurecimento*. Neste caso, se Jaime Gama em 1992 comparava Alberto João Jardim ao ditador Bokassa - antigo ditador da centro-africano com fama de canibal -, em 2008 o mesmo Jaime Gama considera o mesmo Alberto João Jardim "um exemplo supremo na vida democrática do que é um político combativo". Porreiro, pá!

* - ficam
de bem com a democracia do poder, moles e bem acomodados... Atenção, é necessário um correcto amadurecimento, não vá a democracia aprodrecer

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segunda-feira, julho 14, 2008

A mão invisível é tão invisível que nem se vê


















O meu texto abaixo, sobre a criação e injecção de 300 mil milhões de euros em duas empresas financeiras americanas motivou motivou uma resposta do Carlos Martins no seu blogue. Como qualquer neoliberal que se preze, padece do mesmo mal que os comunistas ortodoxos: julga que a sua crença é científica. Julga que a resposta a uma pergunta política é uma certeza económica. Para mais, julga que só há dois tipos de economia possíveis, simplificando, as de Milton Friedman e Keynes, quando na verdade ambos defendem a economia de mercado. Aí sim, como dizes, o sistema bancário é central na economia já que na prática controla a quantidade de dinheiro produzido e em circulação, condicionando a inflação e a taxa de juro. Daí que fales do teu paradigma para dentro do teu paradigma, sendo que estou fora. Mas respondendo à tua resposta:

1. De facto os bancos são empresas especiais... porque produzem dinheiro a partir do nada. Quem não gostaria de ter um negócio destes!? Os bancos emprestam dinheiro que não tem aos seus clientes, e então pedem ao banco central que faça mais dinheiro, e nem sequer é preciso imprimi-lo, basta inserir os dígitos no computador (os bancos também podem pedir dinheiro a outras empresas financeiras, que por sua vez podem pedir ao banco central). Mas o moral da história é que criam dinheiro a partir do nada, não correspondendo ao dinheiro armazenado do débito dos clientes (ou a ouro ou a outro elemento improdutivo).

2. É evidente que tendo o poder de produzir dinheiro, o sistema exige que as empresas dêem um sinal de que tem capacidade financeira para fazer face ao créditos que emitem e à moeda que exigem que os bancos centrais produzam (num arrendamento vulgar e noutros negócios também se paga uma caução, os bancos não são um caso assim tão especial). Não obstante, o crédito concedido pelos bancos é incomensuravelmente superior aos débitos que possuem.

3. Neste ponto, o Carlos Martins arruína os próprios princípios da economia que defende. O Estado vê-se forçado a nacionalizar o prejuízo ou a própria empresa para a salvar, zelando pelo interesse comum e não partindo da sua vontade intrínseca e do seu interesse na aquisição da empresa. O Estado apenas intervém para salvar o mercado, afinal onde está a mão invisível?

4. Este é o ponto que considero mais relevante, já que o Carlos considera que conferir liquidez ao mercado de hipotecas - como foi o caso com o surgimento destas empresas - é uma «política social»!! Portanto, pagar uma casa pelo preço de duas - embora que ao longo do tempo - é um política social. A mim parece-me uma forma de garantir que o capitalismo tem sempre uma injecção de dinheiro e crescimento económico, já que os empréstimos fazem com que a quantidade de dinheiro existente e em circulação seja superior.

Em suma, não me interpretem mal. Acho fantástico um negócio que consiste em produzir dinheiro a partir do nada, ou antes, a partir das dívidas de terceiros. Aliás, certamente todos nós gostaríamos que o Estado também nos desse o alvará de produção de dinheiro! Ainda para mais, tendo a garantia de que caso a coisa dê para o torto, o papá Estado assume o risco e salva-nos da falência.

A tua pergunta final é demasiado complexa para ser respondida de rajada, já que envolve inúmeros parâmetros como o ciclo de consumo/produção, o valor social e de uso, a organização laboral, a propriedade enquanto conceito ou objecto, formas injustificadas de enriquecimento, etc, ...

A política é a forma que, enquanto sociedade, entendemos que a própria sociedade se deve organizar. A técnica, tal como a economia tem como missão adaptar-se à organização social escolhida democráticamente, tornarem-na possível e melhora-la, nunca o contrário. Senão, para a próxima até podemos discutir o mecanismo pelo qual certos animais respiram enxofre e não oxigénio.

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O Estado enquanto garante de lucro, once more


A administração Bush pediu ao Congresso para aprovar uma linha de crédito, que pode atingir 300 mil milhões de dólares ($ 300.000.000.000) para assegurar a viabilidade de duas empresas financeiras cujo negócio são os empréstimos (Fannie Mae e Freedie Mac).

Estas empresas foram criadas por iniciativa do Congresso americano, mas a posse é de privados como numa sociedade por acções. O negócio corre mal e o governo americano apressa-se a aplicar a velha máxima do capitalismo: privatização do lucro, nacionalização do prejuízo. Para mais, vai fazer a coisa através do excelente mecanismo de criar dinheiro a partir do nada, provavelmente nem terá que imprimir as notas correspondentes ao valor criado.


Os arautos do liberalismo não se cansam de nos dizer que os actos do capitalismo envolvem risco, e como tal o investidor/capitalista merece a sua riqueza já que teve visão e de forma destemida arriscou. O mito não sobrevive à realidade: abrir uma padaria é um negócio de risco, ao passo que ser proprietário de uma instituição financeira é uma actividade altamente segura já que o Estado* assume a componente de risco.

* todos nós

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quinta-feira, julho 10, 2008

Who Wants To Be Filthy F#&%ing Rich?

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domingo, julho 06, 2008

A queca enquanto desígnio nacional, ou como a economia tem sempre razão

«Sede, pois, fecundos e multiplicai-vos, e espalhai-vos sobre a terra abundantemente."»- Livro dos Génesis
Sobre a questão da discriminação propalada por MFL, leiam o comunicado da ILGA que diz tudo.

Fascinam-me os políticos que consideram que o dever patriótico da malta é procriar à fartazana! A economia está em colapso, o desemprego a subir, o custo de vida a aumentar, o que fazer? Procriar! A economia tem sempre razão! Somos nós que a temos que a alimentar e não o inverso! Alterar a economia é impensável, a vida em sociedade é que se tem que adaptar ao regime económico vigente!

Já estou a ver o slogan de campanha do PSD: Procriar Todo o Dia, Ajuda a Economia.

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sexta-feira, julho 04, 2008

A energia da fome, novo capítulo

Manny Francisco, «The Manila Times» [via Notas ao Café]

Parece que todos já viram o desastre que são os biocombustíveis... à excepção de José Sócrates que pretende antecipar em 10 anos as metas europeias para o uso destes combustíveis. Recorde-se ainda o ataque de Sócrates a Francisco Louçã por este último se opor aos biocombustíveis.

A OCDE, o FMI, a ONU, o governo britânico, a Nature, a Science, o Finantial Times, o Guardian,. para além dos que passam fome, já perceberam... só falta José Sócrates também o perceber!

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Abriu a época de caça


É impressão minha ou estão a tentar fazer a folha ao Vereador Pedro Ferreira!? Não sou de intrigas, mas parece-me que PSD e CDS-PP nos revelam que não tem confiança politica no Vereador Pedro Ferreira, e que se a coisa do empréstimo correr mal retiram-lha formalmente?

No mesmo sentido, há um mês, os líderes das bancadas do PSD e do CDS-PP na Assembleia Municipal declararam na TerraNova que o Gabinete de Imprensa da autarquia não era uma fonte oficial da mesma!

Abriu a época de caça! Pena que o negócio fantástico das escolas/estacionamento, onde a autarquia vai gastar 36 milhões de euros quando poderia gastar apenas 3,6 milhões, não mereça qualquer reparo destes dois partidos. Este negócio que votaram favoravelmente deve ser uma ave rara protegida...

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quarta-feira, julho 02, 2008

O capitalismo faltou às aulas de português

Hoje no Hipermercado Continente

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A grande convergência... comigo próprio