Se argumentar não delire
«Fomos um milhão e 500 mil portugueses que dissemos não a esta lei. Mas se a nós juntarmos mais um por nascer por cada voto nosso, teremos seguramente mais de três milhões de portugueses»
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Contudo, continuo a considerar o Festival Eurovisão da Canção um conceito genial, pese embora a forte pressão (i)mediática e industrial. A partilha e experimentação musical dos povos dos vários cantos da Europa, cantos esses cada vez mais cosmopolitas, é algo de incentivar.
Há muito que os artistas que melhores contributos poderiam fazer para a coisa, fogem a sete pés do concurso da RTP. Quem não fugiu do concurso deste ano foi um ex-D'ZRT. Descobri a vencedora do concurso nacional nas várias reflexões no Renas & Veados sobre o tema. Sabrina de seu nome, marrafa de seu penteado, e que provou aquilo que eu já sabia: Emanuel é um génio. Emanuel conseguiu escrever uma letra e uma música que, mesmo como uma intérprete com má colocação de voz e sem presença em palco, conseguiu ganhar de forma avassaladora a votação exclusiva do público do Festival RTP da Canção.
Emanuel escreve música pimba, mas também escreve música melosa. Escreve música para ser acompanhada de farturas embebidas em óleo, mas também escreve música para ganhar esta provação do público no Festival RTP. Tudo com enorme mestria e consciência: Emanuel sabe o que faz e acima de tudo sabe o que o público quer.
Depois do merecido elogio ao Emanuel, a crítica. A música é igual a milhares de outras que existem em Portugal. Nada acrescenta à música portuguesa nem à Europeia. A letra néscia "Dança comigo que eu dou-te o céu que há em mim..." parece saída de um qualquer workshop da escola primária. Porém não posso dizer que a música não representa Portugal. Não só representa, como é igual aos muitas outra que são as mais bem sucedidas em termos de vendas. Estou bastante curioso para aferir sobre a votação que terá no Festival da Eurovisão e sobre a opinião da Europa sobre a nossa música. Será porventura a primeira música que enviamos para a Eurovisão que é assumidamente "pimba"em tom meloso. Não é serviço público enviar esta música para a Eurovisão, a RTP falhou novamente. Desejo que tenha uma votação miserável (não há cá nacionalismos bacocos).
Quanto às restantes músicas do Festival RTP - muito fraquinhas - devo confessar que na minha opinião apenas uma reunia condições para representar Portugal na Eurovisão. A música Dá-me a Lua dos Triburbana. Confesso que ainda não consegui perceber se gosto ou não desta música. Independentemente da minha opinião final, uma música que imprime esta dúvida é ideal para ser partilhada com a Europa. Algo original fervilha, quer se goste ou não.
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[publicado no Diário de Aveiro, 16 de Março de 2006]
Durante esta semana o Presidente dos Estados Unidos visitou o Brasil, o Uruguai, a Colômbia, a Guatemala e o México. Com a crescente oposição da América Latina à política externa norte-americana seriam previsíveis declarações improváveis. Podemos ver um Bush de “linguagem revolucionária” como intitulou a Globo a prometer «implementar a “justiça social” para os latino-americanos pobres que lutam para sobreviver, marginalizados pela economia global». A hipocrisia de nada lhe valeu, foi recebido em todos os países com vigorosos protestos.
Contudo, o que me leva a escrever este artigo não é este discurso social-democrata de conveniência, nem tão pouco o facto do Presidente Lula ser escolhido como o primeiro aliado contra o avanço da esquerda na América Latina. O que não posso deixar passar em claro é a tentativa de deificação do acordo celebrado entre EUA e Brasil relativo à produção de bioetanol.
A reportagem televisiva que dava conta do acordo referiu taxativamente que esta aposta na produção de bioetanol iria agradar bastante aos ambientalistas. Nada mais falso! O biocombustível, apesar de ser propagandeado como uma energia limpa e de combate ao aquecimento global, tem graves consequências ambientais e sociais.
O biocombustível é produzido a partir de monoculturas intensivas de plantas (soja, milho, cana-de-açúcar, etc.) para o efeito. Também poderá ser produzido a partir de lixo, nomeadamente óleo alimentar usado, porém esse não é o caso do presente acordo nem tão pouco o caminho que tem sido seguido, por razões estritamente da economia de mercado.
O biocombustível não é isento de emissões de gases de estufa, já que todo o carbono que estas plantas acumulam é expelido para a atmosfera na forma de dióxido de carbono aquando da sua queima. Estamos portanto a inutilizar uma vasta porção de solo que caso contrário estaria a absorver e reter carbono da atmosfera. Aliás, áreas extensas de floresta – no caso Amazónia – são devastadas para o cultivo intensivo destas plantas, que ao final de alguns anos inutilizam o solo agravando o problema do aquecimento global.
Este tipo de biocombustível acarreta um saldo energético negativo, isto é, a sua produção requer mais energia do que a que se obtém. Na contabilidade da propaganda é sonegada a energia dispendida na produção dos pesticidas e fertilizantes (e os seus impactos no solo e água), da manutenção agrícola, da colheita, do transporte e da refinação. Para mais, cada litro de bioetanol produzido consome quatro litros de água, o que agrava aquele que é já um dos principais problemas ambientais do planeta, a escassez de água. A título de exemplo, na questão do transporte envolvido temos que a fábrica de biomassa prevista para o porto de Aveiro irá importar soja do Brasil.
O objectivo do acordo EUA – Brasil passa por transformar o bioetanol numa “commodity”, isto é, numa mercadoria de origem natural produzida em grandes quantidades e uniformizada pelos diferentes produtores e, a breve trecho, com valor determinado em bolsa de valores.
A implementação do mercado de biocombustíveis acarreta graves consequências sociais. A produção em grande escala destas plantas será realizada exclusivamente em países subdesenvolvidos. Aí, o seu solo, que actualmente produz alimentos para a subsistência da população desse país e do mundo, passaria a produzir combustível para o mundo desenvolvido. Com estas plantas e o uso do solo com uma forte oferta na área dos combustíveis, o seu preço e o dos animais que delas se alimentam sobe. O país subdesenvolvido afasta-se da sustentabilidade alimentar, acentuando-se os problemas de pobreza e fome, tudo para que os nossos automóveis circulem.
Portanto, o Presidente norte-americano que recusou assinar o protocolo de Quioto e reduzir as emissões de estufa do seu país, não se converteu à inevitabilidade do aquecimento global que tão laboriosamente tentou negar. George W. Bush está apenas a persistir na defesa do comércio livre (leia-se selvagem): esta é uma energia (leia-se mercadoria) com alto potencial económico, uma vez que nas contas da economia de mercado não entram os seus impactos ambientais e sociais, nem tão pouco a quantidade de água consumida.
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